Afonso Celso

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CONDE AFONSO CELSO DE ASSIS FIGUEIREDO JÚNIOR nasceu em Ouro Preto/MG no dia 31 de março de 1860 e era filho do Visconde de Ouro Preto. Um dos fundadores e também presidente da Academia Brasileira de Letras. Figura pública das mais ilustres no cenário nacional. Deixou inúmeros livros, entre os quais: "O Imperador no Exílio", "Trovas de Espanha" e "Prelúdios". Faleceu no Rio de Janeiro em 11 de julho de 1938.

A lutar com meu desejo,
comigo me desavim.
Contra mim mesmo pelejo...
Deus me defenda de mim!

No momento da partida,
por milagre eu não morri...
Se tu eras minha vida,
como, pois, viver sem ti?!

A vida é um morrer constante,
começou, mal se nasceu.
- Representa cada instante
um tanto que se morreu.

Da idade ninguém derive
nem tristeza, nem prazer.
A verdade é que quem vive
sempre está para morrer.

Sou caçador mas pretendo,
antes de à caça partir,
ver se em teus olhos aprendo
a arte de bem ferir...

De mim, ao invés de outrora,
só tristeza hoje deflui.
- Vive o ser que eu sou agora
chorando o ser que eu já fui.

Muita gente, por acinte,
não diz quantos anos tem.
Eu, nuns dias, tenho vinte;
noutros dias, tenho cem!

Esta vida de solteiro
(às vezes vazia) é boa:
ou melhor que a de uns casados
que brigam por coisa à-toa...

Igual ao vento que passa
num temporal, de repente,
ou de um cigarro a fumaça...
- assim é a vida da gente.

Felicidade, meu bem,
não passes tão longe assim.
Cansa-me olhar-te no além,
passa pertinho de mim!

Se a vida não nos vai bem,
nossos amigos se vão.
De um modo é sorte que vem,
que eles amigos não são...

Muita gente, por acinte,
não diz quantos anos tem.
Eu, nuns dias tenho vinte;
noutros dias tenho cem!