Vasco de Castro Lima - Rio de Janeiro ( via Lavrinhas/SP)

    

 

      VASCO DE CASTRO LIMA, filho de Carlino Moreira de Castro Lima e de Alice Oliveira de Castro Lima, nasceu em 22 de dezembro de 1905, em Lavrinhas - SP, na Fazenda do Recreio, e faleceu em 30 de agosto de 2004, no Rio de Janeiro. Neto do Barão de Castro Lima, bisneto da Viscondessa de Castro Lima e Sobrinho do Conde de Moreira Lima. . Bacharelou-se em Ciências e Letras em Lorena. Publicou, entre outros: Lagrimas da Alvorada (1925), Estrada de Ferro Sul de Minas (1934), Cascata de Ilusões (1937), Inquietude (1940), Vergel do Paraíba (1962), Correnteza (1966), A Estrada do Sonho (1979), e o Mundo Maravilhoso do Soneto (1987). Pertenceu à Academia de Letras do Estado do Rio de janeiro, Academia Brasileira de Jornalismo e outras. Foi alto funcionário da Vale do Rio Doce e Petrobrás, entre outras atividades. Sua obra literária mais marcante: "O Mundo Maravilhoso do Soneto".
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NOTA DO SITE = Como trovador, um "monstro sagrado", conforme o verão, abaixo".

Seis horas... Vem a Saudade...
Rio antigo... Praça Onze...
Os sinos, pela cidade,
choram lágrimas de bronze...

Embora vivas cantando,
canário, tens vida triste:
- já vi lágrimas pingando
nessa vasilha de alpiste!

Não pode a fé ser vencida,
quando é bela e quando é forte:
tem poderes sobre a vida,
tem vitórias sobre a morte!

Dizem que os olhos não falam,
mas os teus sabem falar...
– Todas as bocas se calam
quando fala o teu olhar!

O meu velho amor tristonho         (6º lugar Corumbá 1968)
é como nave perdida
pelo Mar-Morto do sonho,
pelo Mar-Negro da vida...

Longe de ti vou criando           (8º lugar Bandeirantes  1965)
minha estranha solidão:
- Uma saudade vagando
no meio da multidão...

Tens razão de andar esquiva...
Casaste... Que mais me resta?
Sou como aquele conviva
que chegou depois da festa...

Mesmo cheia de recato,
a mulher que ama, afinal,
quando dá o seu retrato,
já promete o original...

Tua boca é tão pequena,
tão pequena e tão singela,
que eu não sei como é que cabem
tantos beijos dentro dela!

Rosto negro, alma de neve,
ternura de risos francos,
- o Brasil muito te deve,
mãe preta dos filhos brancos!

Nor ardores da bravura,
entre irmãos da mesma terra,
vi bandeiras de amargura
cobrindo trofeus de guerra...

Morreu o sol!  Lentamente,
incendiou-se o céu profundo.
- Levaram para o poente
todas as rosas do mundo!

Conto os minutos risonhos
no relógio dos desejos:
- Na distância entre dois sonhos
cabe o tempo de dois beijos.

Dá-me o teu beijo de novo,
por que tanta inquietação?
Se tem de falar o povo,
pois que fale com razão...

Guardo, em minha soledade,
um retrato de mulher,
para matar a saudade,
quando a saudade vier...

Vi o Amazonas e trouxe
a impressão de um deslumbrado:
- a bravura do mar-doce
enfrentando o mar salgado!

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NOTA: dados biográficos extraídos de:
http://omundomaravilhosodosoneto.blogspot.com/