Todos estão dormindo...

www.falandodetrova.com.br/ouverneyconverso

Nas brancas ruas caiadas
da terra do sono infindo,
as portas estão fechadas
e todos estão dormindo…
JOÃO RANGEL COELHO

     Meu amigo, minha amiga, por ocasião da passagem de mais um dia 02 de novembro, quando reverenciamos os seres queridos que partiram; quando os cemitérios recebem milhões de visitas e os túmulos se enchem de flores, velas e muito pranto; quando tudo parece mais triste porque, mesmo entre os mais fortes, as lembranças passeiam, resgatando imagens e vozes de tempos que jamais voltarão, de sorrisos que jamais voltaremos a ouvir, de abraços que se foram para sempre… Pois então, em meio a tantas lembranças, veio-me à mente esta belíssima trova de João Rangel Coelho, ilustrado poeta mineiro que, tal qual seu não menos ilustrado filho Colbert Rangel Coelho, hoje também está dormindo para sempre, conforme bem o refletem seus inspirados versos.

     A coluna “Falando de Trova”, respeitosamente, une-se a essas suas lembranças, leitor/a. Enderecemos a todos que já não estão entre nós, uma prece e um renovado preito de saudade.

     Alonso Rocha, o “Príncipe dos Poetas Paraenses”, falecido em 22 de fevereiro de 2011, antes de partir fez esta indagação:

Sem resposta que conforte,
dúvida imensa me corta:
Qual o segredo da morte?
Fim? Partida? Porto? Porta?

     E concluo, voltando ao mesmo João Rangel Coelho, cuja angústia maior também tinha muito a ver com o tema em foco:

Há presente, em minha sorte,
uma angústia indefinida…
Não é bem medo da morte;
é, talvez, medo da vida!

     Sábio foi o poeta Adolpho Macedo, quando escreveu estes versos:

Foi tanta gente querida
residir na Eternidade,
que a rua da minha vida
é asfaltada de saudade.
------------------------------------------------------
texto publicado por José Ouverney, pela primeira vez, em 31.10.2008