Se todos fossem iguais a você...

(texto escrito pelo Prof. Pedro Mello em 25.11.2013)

 
            Existem pessoas muito especiais, seres humanos diferentes, que têm um brilho tão particular, uma pureza de alma tão nítida, que não deveriam morrer... deveriam simplesmente se esquecer de morrer, parar de envelhecer e pairarem no ar, como se fossem monumentos vivos, tombados por serem patrimônio humano...
 
            Rodolpho Abbud foi um ser humano assim. Lembro-me de quando o conheci, nos XXXIX Jogos Florais de Friburgo, em 1998, quando, aos 21 anos, eu comparecia deslumbrado a uma festa da Trova. Abbud me recebeu de braços abertos, tratando-me como se eu fosse um velho amigo que ele conhecesse desde sempre. Naqueles Jogos Florais, ainda, como uma forma de expressar carinho por mim, ele me deu o "título" honorário de "Mister Simpatia"... E ficamos amigos!
 
            Encontramo-nos em muitas ocasiões, não só em Friburgo, como também em várias outras cidades, pois ele sempre fez questão de prestigiar Jogos Florais, onde quer que acontecessem.
 
            Quando, por um capricho da sorte, ganhei pela terceira vez nos JF de Friburgo, ele fez questão de me entregar o troféu de primeiro colocado e o diploma de "magnífico"... em outras cidades ele sempre me prestigiou, fazendo questão de ressaltar minha condição de mais novo magnífico nos Jogos Florais de Nova Friburgo...
 
            No começo deste ano, estive em Friburgo durante minhas férias, e ele me acolheu em sua casa de maneira tão carinhosa, que me senti até como se fosse alguém importante...
 
            Todos admiravam a sua prodigiosa memória, sua capacidade de decorar trovas e se lembrar de trovadores vivos e ausentes, seu dinamismo, seu amor pela trova e sua incrível disposição física em viajar para vários lugares, seu incrível senso de humor e, acima de tudo, seu insuperável carisma. Rodolpho Abbud foi uma unanimidade.
 
            Abbud foi um ser humano em extinção. Vou sentir muito a falta dele. O trovismo fica mais pobre, mais triste e perde grande parte do seu brilho e da sua cor.
 
            Adeus, Abbud! "Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver..."
 
            Segundo a ortografia da Língua Portuguesa, os nomes de pessoas falecidas devem ser grafados de acordo com a ortografia vigente. Eu, porém, jamais vou escrever "Rodolfo". Para mim, será sempre "Rodolpho", com "ph", pois Abbud estará sempre vivo em minha saudade, até o meu fim.