I Concurso de Trovas de Rio Novo / MG - 1987

PARA  TROVADORES  DE  TODOS  OS  QUADRANTES (exceção aos residentes em Minas Gerais)

TEMA:  "NOVO''

VENCEDORES   (todos os nomes em ordem alfabética)

ABIGAIL A. LIMA RIZZINI - Nova Friburgo
Não sou novo... Mas que importa
a idade que eu atingir,
se o amor me bater à porta...
e a minha porta se abrir?!...

ANTONIO DE OLIVEIRA - Ribeirão Pires/SP     (duas trovas)
Entre a miséria do povo,
em cada mão que se tome,
haverá um pulso novo
algemado à velha fome!

Se tu dizes que é pecado
e eu nem sei mais o que digo,
esquece! Deita ao meu lado!
Peca de novo comigo!

EDMAR JAPIASSÚMAIA - RJ
Além de novo suplício,
seu amor mais me revolta,
por saber que é um velho vício,
para o qual estou de volta!

SÉRGIO BERNARDO - RJ     (duas trovas)
Depois do adeus tão tristonho,
voltas de novo e eu te aceito,
pois trazes o novo sonho
que faz falta a um velho peito!

Se o que é novo te extasia,
lembra os chinelos surrados,
que após a faina do dia,
confortam teus pés cansados!

VASQUES FILHO - Fortaleza
Cumprimos, nestas jornadas,
o destino dos sozinhos:
de novo, as encruzilhadas,
separam nossos caminhos!

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MENÇÕES  HONROSAS   (todos os nomes em ordem alfabética)

AMÁLIA MAX - Ponta Grossa
Com as piruetas que faço,
a escapar da solidão,
pareço um novo palhaço,
aprendendo a profissão.

ANA CRISTINA - RJ
Da tempestade passada,
cada destroço removo
para, de um pouco de nada,
começar tudo de novo

IZO GOLDMAN - SP
Com os seus golpes, a vida
me vence mas não me abate;
cicatrizada a ferida,
começo um novo combate!

VANDA FAGUNDES QUEIROZ - Curitiba
Velho... novo... tanto faz!
O bem, o belo, a verdade,
valores que a vida traz,
não têm certidão de idade.

WALDIR NEVES - RJ
Já não sei o que é sonhar...
Mas ainda me comovo
vendo um velho remoçar
por graça de um sonho novo!

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MENÇÕES  ESPECIAIS   (todos os nomes em ordem alfabética)

ANA CRISTINA
Quando adormeço em teus braços,
sinto um desejo profundo
de romper todos os laços
e acordar num novo mundo...

CIPRIANO FERREIRA GOMES - SP
Quanta lavoura perdida
e, nas colheitas de agora,
junto sementes de vida
que eu, em novo, joguei fora!

IVO DOS SANTOS CASTRO - RJ
Sonhando o encanto divino
de ter-te, um dia, em meus braços,
tracei meu novo destino
pelo rumo de teus passos.

IZO GOLDMAN
Não há no mundo quem meça,
quem dá mais felicidade:
- Um novo amor, na promessa...
- Um velho amor, na saudade...

MARISOL - Teresópolis     (duas trovas)
O teu regresso foi graça
que de Deus eu recebi,
mas a vida fez trapaça
e de novo te perdi.

Foi um milagre, suponho,
que fez meu peito sorrir:
das cinzas de um velho sonho
ver novo sonho surgir!

NEUZA M. PINHEIRO - Nova Friburgo
Nada de novo na vida...
Vida cheia de ilusão...
Novo adeus... nova partida...
e de novo a solidão!

NEY DAMASCENO - RJ
Só quem não tenha vivido
a experiência maior,
costuma crer, iludido,
que o "novo" é sempre melhor!

PEDRO ORNELLAS - SP
Ventre materno, oficina
onde o Mestre trabalhando,
às ocultas e em surdina,
um novo ser vai forjando!

SEBAS SUNDFELD - Tambaú/SP
Minha netinha tão bela,
a rir comigo, me fez
de novo ver a mãe dela
rindo em meu colo outra vez!

VASQUES FILHO
Quando meus sonhos removo,
minhas saudades são tais,
que eu quero sonhar de novo,
mas, triste, não sonho mais...
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APENAS  TROVADORES  RESIDENTES  EM  MINAS  GERAIS

TEMA:  "RIO''

VENCEDORES   (todos os nomes em ordem alfabética)

ARLINDO TADEU HAGEN - Juiz de Fora     (duas trovas)
Rio cheio, na ansiedade,
fui secando, contrafeito...
e hoje o mato da saudade
cresce à margens do meu peito!

Tu chegaste... e eu me comovo
ante o amor que ora bendigo.
Foi como se um rio novo
brotasse num leito antigo!

CÍCERO ROCHA - Juiz de Fora
Velho rio de águas turvas,
resmungando em desatino,
teu leito traçou as curvas
fechadas, do meu destino!

CONCEIÇÃO P. ABRITTA - BH
O rio, que é minha vida,
corre em sentido perfeito.
Transforma em pedra polida
os tropeços do seu leito!

LUCY SOTHER A. DA ROCHA - BH     (duas trovas)
Pronta a faxina no céu,
entre rendas e atavios,
fios jogados ao léu
cairam, formando os rios...

Olha o destino dos rios;
os rios são como as gentes:
uns, escuros e sombrios...
outros, claros... transparentes...

PAULO CESAR OUVERNEY - Juiz de Fora     (duas trovas)
As poças d'água era rios...
e eu, pobre guri, sem nada!
De jornal, quantos navios
fiz singrar na água parada!

Rio-mar, o meu destino,
nas marolas da arrelia:
foi doce... quando eu, menino;
salgou-se, enquanto eu crescia!
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MENÇÕES  HONROSAS   (todos os nomes em ordem alfabética)

CÉLIO GRÜNEWALD - Juiz de Fora
No meu coração vadio
há um pranto surdo e invulgar,
como o lamento de um rio
quando se afoga no mar!...

EUGÊNIA MARIA RODRIGUES - Rio Novo     (duas trovas)
Deixaria, comovida,
rio, se possível fosse,
o amargo de minha vida
no teu mundo de água doce!

São, tuas mãos me tocando,
a despertar sensações,
canoinhas deslizando
no meu rio de emoções!

EVA REIS - BH
O rio vai, de mansinho,
o céu, nos braços, levando;
e dá o céu pelo caminho,
por isso ele vai catnando!

HERIBALDO BITTENCOURT BARROSO - Juiz de Fora
Meu coração é a nascente
de um riacho sonhador,
que se torna um afluente
de outro rio sem amor.

JOSÉ TAVARES DE LIMA - Juiz de Fora     (duas trovas)
Rio, nas águas serenas
que vais levando em teu leito,
leva, também, essas penas
que tanto afligem meu peito!

Perdido nos descaminhos,
sem ter onde desaguar,
sou um rio de carinhos
à procura do seu mar!
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MENÇÕES  ESPECIAIS   (todos os nomes em ordem alfabética)

ABNER DE FREITAS COUTINHO - Aimorés
Aquele rio querido,
lembrança do meu passado,
hoje está tão poluído
que, do mapa, riscado...

ALOYSIO ALFREDO SILVA - BH     (duas trovas)
Estas lágrimas que escorrem
dos meus olhos, sem parar,
são rios de dor que correm,
sem ter onde desaguar!

Há pessoa tão mesquinhas
que, dos rios faiscantes,
enxergam negras pedrinhas,
sem notar os diamantes!

CÍCERO ROCHA
Rio travesso, a cantar,
transmites tal alegria,
que até não sinto pesar
todo o pesar que eu sentia!

EDMEÉ AMARAL D. GONÇALVES - São Sebastião do Paraíso
O rio que nasceu puro,
olha, agora, com tristeza,
pois a mão do homem perjuro
estragou sua beleza!

HERIBALDO BITTENCOURT BARROSO
Imolando-se entre agruras,
o rio, em pranto, desata...
Desta queda nas alturas,
surge o encanto da cascata!

MARIA DA GLÓRIA P. ALVES - Juiz de Fora     (duas trovas)
Dando uma receita ao povo,
de como adoçar as mágoas,
certamente um rio novo
traz a doçura nas águas...

O rio, de queda em queda,
mostra na certa, a nós dois,
que a vida não é moeda
que encontraremos depois...

NEMÉSIO SIMAS - Juiz de Fora
Os homens, em desvarios,
seres cruéis, assassinos,
destroem lagos e rios,
mudando os próprios destinos!

TEREZINHA D. SILVA - Passa Quatro
Este rio caudaloso
passa cantando saudade,
minimizando, ardiloso,
a dor que meu peito invade!
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NOTA = esse material foi uma gentil contribuição do "Magnífico Trovador" IZO GOLDMAN, da UBT São Paulo/SP