Quem é Sérgio Fonseca - 23.03.2020

QUEM É SÉRGIO FONSECA
(texto de José Ouverney em 23.03.2020)

 
            Até onde eu sabia, julgava tratar-se de um bom trovador, com poucas participações em concursos do gênero, residente em Mesquita/RJ.
            Com sua classificação em Nova Friburgo no ano de 2018, com a trova:

DECRETO
não há decreto de lei
que regule, em mesma escala,
o que escreve a mão de um rei
e a língua que o povo fala!

 
           
e outras duas classificações em 2019:
 

CIÚME
Nas trevas do labirinto
de ciúme em que me perco,
quanto mais amor eu sinto,
mais a dor aperta o cerco!
 
PREGUIÇA (humor) – 2º lugar
Da preguiça não me queixo
e acho até que sou seu fã:
- O que não fiz hoje, eu deixo
pra não fazer amanhã!

 
o que o credenciaria a postular, com mais uma conquista, um título de “Magnífico”, procurei saber um pouco mais a respeitoso do talentoso autor (e bota talento nisso)!
 
            Sérgio Fonseca, nascido em Nova Iguaçu, em 07 de agosto de 1944, é professor de língua portuguesa, poeta, cronista e, principalmente, um conceituado compositor musical, tendo já participado em cerca de duzentas composições, gravadas por grandes nomes do cenário nacional, tais como Zeca Pagodinho, Agepê, Neguinho da Beija-Flor, Lecy Brandão, Elizeth Cardoso, etc.  O samba-enredo que a Beija-Flor colocou na avenida em 1993 (Uni-duni-tê, a Beija-Flor escolheu você) tem a sua assinatura.
 
            Foi também Secretário de Cultura de Mesquita, tem vários livros lançados e é um dos raros trovadores, ainda vivos, que assinaram a ata de fundação da UBT (União Brasileira de Trovadores), no dia 21 de agosto de 1966, na “Cidade Maravilhosa”.
 
            Tive a grata satisfação de receber do autor, em março de 2020, dois CDs e os livros: “Dois dedos de prosa e um de poesia” e “Canto Baixo” : verdadeiras preciosidades de achados, entre os quais destaco, do soneto “Corpo e Alma I” o terceto de encerramento:

“Amor que me arrebata e que me acalma,
Que, quando se ilumina de tristeza,
Descansa a dor do corpo à sombra da alma”...

 
            O poema “Canto Baixo” (que dá nome ao livro) é um verdadeiro hino de amor à sua querida Baixada Fluminense. Também o poema “Ladainha”:

Enquanto houver no mundo só duas classes:
a dos que produzem e a dos que consomem,
o homem será, cada vez mais,
lobo do homem,
o outro será, cada vez mais,
lobo do homem,
o ouro será, cada vez mais,
roubo do homem,
o mundo será, cada vez mais, globo do homem,
o homem será, cada vez mais,
mais menos homem.”

 
            E, ainda, “Perfil”:

Um relâmpago
traçou o teu perfil na noite
e clareou
uma saudade antiga...

 
            Além destas pequenas amostras, há muito mais, frutos do talento e da inspiração de Sérgio Fonseca, um dos nomes mais significativos que a Baixada Fluminense já nos apresentou.  Encerro com mais uma trova de sua lavra:

Deste mundo as esperanças
seriam muito mais belas,
se a ternura das crianças
crescesse junto com elas.