Patuscando... (postado em 31.05.2010)

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(texto de José Fabiano, mineirim de Uberaba)

JOÃO BATISTA SERRA

(Editor de O PATUSCO, de Caucaia - CE)

 

            Sobre JOÃO BATISTA SERRA, Maria Thereza Cavalheiro, escreveu, de São Paulo:

            Filho de José Araújo Serra e de Cecília Batista Serra, JOÃO BATISTA SERRA nasceu em Fortaleza - CE, aos 28/07/33, mas também residiu em várias outras cidades, como Teresina, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Maringá. Trabalha com vendas e já viajou por todo o Brasil.

            Trovador, cordelista e compositor, com incursões pelo conto, João Batista Serra faz trovas desde os 15 anos de idade, e vem de publicar seu primeiro livro, com o incentivo de P. de Petrus, paulista residente no Rio, que assim se expressa no Prefácio:

            ‘João Batista Serra começou a aparecer no cenário trovadoresco, com destaque, por seu esforço próprio e sua inteligência viva e abençoada por Deus. Sente-se feliz por crer nas coisas espirituais, onde, fundamentalmente, estão todas as realizações e frutos da existência. Agora, o trovador está lançando o seu primeiro livro de trovas, ‘Meu Álbum de Trovas’, para os amantes do Belo, aos que têm alma para sentir a Poesia, em particular a Trova, um relicário trovadoresco, que, certamente proporcionará aos leitores os mesmos momentos de indizível encantamento que alegrou a este prefaciador e amigo que tanto o estima e aplaude.’

            ‘Meu Álbum de Trovas’ traz capa de A. Filho, e saiu pela Ed. Opção 2.

            Eis como João Batista Serra define a quadra:

 

A trova, linda e singela,

é a excelência da poesia,

não consegue gostar dela

quem o bem não aprecia.

 

            E a inspiração? ‘Ela vem quando a saudade me aperta. Ou quando estou sonhando na solidão do meu quarto’. Sua filosofia de vida está contida na seguinte trova:

 

Só vive bem, com certeza,

quem traz em seu dia-a-dia

dez por cento de tristeza

e noventa de alegria.

 

            Dos trovadores do passado, entre os que mais admira estão Bastos Tigre, Petrarca Maranhão e Luiz Otávio. Foi assíduo leitor da revista ‘Careta’, ‘porque sempre trazia lindas trovas.’ Membro da União Brasileira de Trovadores, já foi premiado 34 vezes até agora, apesar de participar há pouco tempo de concursos.

            João Batista Serra recebe correspondência na Caixa Postal nº 95, CEP 61600-000, Caucaia – CE, cidade onde reside atualmente.”

            Tenho, de O PATUSCO, o nº I, de dezembro/1998, a nº 23, de setembro/2000; nº 25, de novembro/2000, a nº 88, de outubro, novembro e dezembro/2009, e nº 90, de março e abril/2010.

            Passarei a transcrever as minhas trovas que o João Batista Serra teve a gentileza de registrar em seu Boletim, as quais considero seleção do que tenho produzido e levado ao seu conhecimento, fato que muito me alegra!

            Muito obrigado, colega e amigo João Batista Serra!

 

A razão por que me feres

é tão fácil de entender!

É porque já não me queres,

embora queiras querer.

Junho/99 (nº 8)

 

Ensino que se retira

da vida e suas mazelas:

quanta vez mostra a mentira

“pernas curtas”, mas tão belas!

Julho/99 (nº 9)

 

Caridade patenteia

esta tese de renome:

como, de barriga cheia,

dar conselho a quem tem fome?

Agosto/99 (nº 10)

 

Fechar a boca é bonito,

por razões que não escondo:

não entra nenhum mosquito

nem sai nenhum maribondo.

Setembro/99 (nº 11)

 

Aquela mulher ali

que me desacata assim

é tão senhora de si,

porque é senhora de mim...

Setembro/99 (nº 11)

 

“Quem desdenha quer comprar.”

Pelo que entre nós se passa,

sou levado, então, a achar

que ela me quer é de graça!

Outubro/99 (nº 12)

 

 

 

Que o rio do pensamento

escorra em leito seguro.

Rio algum fica barrento,

por correr em piso duro.

Outubro/99 (nº 12)

 

Não te lastimes jamais

por teus pesares terrenos.

Lembra que uma dor a mais

é sempre uma dor a menos.

Novembro/99 (nº 13)

 

Pela cidade, quem ande,

algo verá que dá pena:

vendedor de sorte grande

como tem sorte pequena!...

Novembro/99 (nº 13)

 

Como são enganadores,

meu amor, esses carinhos!

A Primavera dá flores,

para esconder os espinhos.

Dezembro/99 (nº 14)

 

Ela me faz vir à mente

algo despropositado:

será que santo não sente

saudade de algum pecado?

Janeiro/00 (nº 15)

 

O amor, que só nos concede

gotas de felicidade,

quantas vezes não nos pede

um dilúvio de saudade!

Janeiro/00 (nº 15)

 

Que teria acontecido,

responde-me se és capaz,

se Jesus fosse escolhido

no lugar de Barrabás?

Fevereiro/00 (nº 16)

 

Nesses beijos que não mínguas,

em mim dados em tropel,

há mais confusão de línguas

que na Torre de Babel.

Fevereiro/00 (nº 16)

 

Viver é como viajar

em coletivo qualquer.

Nem sempre se acha lugar

ao lado de quem se quer.

Março/00 (nº 17)

 

Quando a dor e o sofrimento

visitam nossa morada,

supomos, por um momento,

entraram em casa errada...

Abril/00 (nº 18)

 

Sete letras tem “saudade”!

Isto me leva a supor:

sete também, na verdade,

é conta de sofredor.

Maio/00 (nº 18)

 

Diferem muitos os amores,

mas não diferem os “ais”.

Há rosas de várias cores,

de espinhos todos iguais.

Maio/00 (nº 19)

 

Todos farão a escalada

do arranha-céu do Senhor.

Os maus irão pela escada,

e os bons, pelo elevador...

Junho/00 (nº 20)

 

Aquela moça bonita

de quem admiro os joelhos

veio a mim – ó Santa Rita! –,

pedir sabe o quê? Conselhos...

Julho/00 (nº 21)

 

 

 

(Continua...)