O esmero na rima

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O ESMERO NA RIMA - Editorial Trovia Setembro / 2003      

     Quem já participou de comissões julgadoras sabe o quanto dói ter que diminuir a nota de uma boa trova só porque apresenta algum problema com relação à rima. Por essa e mais outras, parece válido sugerir uma pensadinha no assunto. Sobretudo ao produzir trovas para concursos, e até que se estabeleça um consenso (incluindo Portugal), seria razoável evitar rimas polêmicas, tais como:       a) as chamadas “imperfeitas”: chapéu-valeu, bela-estrela, invejo-desejo, velha-abelha, idéia-aveia, qualquer-conhecer, acomode-pôde , adores-amores, melhor-valor, céu-mel, mingau-banal, alma-trauma, paz-mais, boca-louca, nós-sóis, partiu-gentil, viu-frio;       b) as rimas com palavras derivadas: ter-conter, pô-repor, crer-descrer, tempo-contratempo;      c) as rimas homófonas, em que a vogal tônica seja a mesma – e com o mesmo timbre – nos quatro versos (sem que haja sons internos fortemente contrastantes), como nestes exemplos inventados:

01 Moda nova quando nasce
já se espalha pela praia;
porém logo ela desfaz-se
se outra moda entra na raia.

02 Tenho uma rede e uma esteira
no meu rancho de sapê;
e uma roseira faceira
que plantei para você...

03 Fiz que fiz, fiz que não fiz,
fiz do jeito que farias.
Se o que fiz te faz feliz,
faço assim todos os dias!      

     Alguns podem até achar que essas coisinhas não tenham muito a ver com a qualidade dos versos. Mas sempre que possível é bom evitar. Quem consegue compor uma bela trova pode esmerar-se um pouco mais também na rima.