- Log in to post comments
Entre abril e maio a conversa frequente entre trovadores são os Jogos Florais de Nova Friburgo. Foi o evento que deu início à gloriosa era dos concursos de trova por todo o País, cuja primeira versão, sob a idealização e coordenação de Luiz Otávio e J. G. de Araújo Jorge, ocorreu no ano de 1960. Sem falhar uma única edição, este ano vivenciamos a realização de nº 54.
Também é comum, entre os trovadores, falar-se sobre a honraria instituída pelo próprio Luiz Otávio em Nova Friburgo, – refiro-me ao título de “Magnífico Trovador” – que é disputado acirradamente em dois gêneros: o lírico/filosófico e o humorístico. Para conquistá-lo no gênero lírico/filosófico é necessário, por três anos consecutivos, classificar uma trova entre as “dez mais”. Já o gênero humorístico é ainda mais complexo: é preciso, pelos mesmos três anos consecutivos, classificar uma composição entre as “cinco mais”.
A luta para alcançar tão ambicionado objetivo é titânica. E alvo de intensas comemorações, quando bem sucedida. Agora passarei do elemento real para o fantasioso. Não só fantasioso, como eu diria que até inimaginável. Mas eu me atrevo a imaginá-lo. É o seguinte:
Sonhei, um dia, que houvera enviado para Nova Friburgo três trovas em nome de minha esposa e, coincidentemente, uma delas acabou obtendo uma bela classificação entre as trovas líricas. No ano seguinte, entusiasmado com a brincadeira que dera certo, repeti a iniciativa e, – por sorte ou não – ela voltou a classificar-se. Pensei, então: como eu não tenho o título de “Magnífico” (no sonho eu realmente não o possuía) e minha esposa, agora, está na iminência de consegui-lo, por que não tentar a cartada decisiva? Posso perfeitamente lograr a conquista por vias indiretas. Ocorre que – azar ou sorte – antes que pudesse tentar a proeza pela terceira vez, um insistente pernilongo (que poderia até ser a incorporação de algum magnífico trovador já falecido) picou-me com vontade, e com tanta fúria, que acordei, sem, obviamente, consumar o insidioso intento.
Ainda bem, pois, mesmo em se tratando de um sonho (ou pesadelo?), uma incursão vitoriosa nesse sentido poderia implicar no comprometimento e na valorização do importante título. Teríamos, pela primeira vez na história da Trova e dos Jogos Florais de Nova Friburgo, um Magnífico Trovador “Fake”!
Bem, agora retomemos o fio da realidade. Chega de imaginar o inimaginável. Até porque tenho absoluta certeza de que ninguém seria capaz de engendrar e executar um plano tão diabólico, em se tratando de uma saudável competição literária entre irmãos de sonhos. Afinal, que loucura seria tudo isso,não acham?
Pronto. Já acordei. Deus me livre, hein! De vez em quando a gente tem cada pesadelo que não convém nem ficar lembrando depois. Muito menos publicá-lo em portais e redes sociais!…
-------------------------------------
texto de José Ouverney, publicado em 23.04.2013