Therezinha Dieguez Brisolla

          THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA, nascida em São Carlos/SP, a 12 de julho de 1932, professora aposentada, ingressou no mundo da Trova em 1984, pelas mãos do "Magnífico Trovador" Helvécio Barros. É uma das fundadoras da Academia Bauruense de Letras. "Magnífica Trovadora" por Nova Friburgo no gênero humorístico. Pertence à UBT São Paulo, onde ocupa cargo diretivo. Uma das mais atuantes trovadoras do país. Sua galeria de troféus ocuparia um apartamento inteiro.

TROVAS HUMORÍSTICAS

Faço trova e, divertida,
em humor “me saio “ bem:
– Eu só quis mostrar à vida,
como eu sei brincar... também!
 
Quando a vida se distrai
ou dá tudo ou tudo nega:
– Rico... pega o carro e sai
– Pobre sai... e o carro pega!
 
Gritei “Pare, seu Joaquim”
quando o trem apareceu.
Ele ainda olhou pra mim,
Falou “Ímpare”... e morreu!
 
Querendo ver o acidente
ele abriu caminho a murro...
Foi dizendo: – Sou parente...
Mas, quem morreu... foi um burro!
 
Pára, o Luso, ao ver a farda...
- Cadê a carta ?... Quero ver...
- Mas que vergonha, seu guarda !
Eu fiquei de lhe escrever?!
 
Eu não mandei a criada
tirar a roupa na rua.
Ela contava a piada
e eu só disse: – Conti... nua!
 
Vendo a fera, fica um “gelo”...
retira a cruz do pescoço...
Mas, o leão ante o apelo:
– Só rezo depois do almoço.
 
– “Qualquer santo... eu tenho fé”!
grita ao cair de uma grade.
– “Eu te ouvi, mas sou Tomé...
Só vim ver se era verdade”!
 
A peruca e a dentadura
ele tira e perde o viço...
Ela pergunta e ele jura
que o resto... não é postiço!
 
Termina o discurso em rima:
“Ao corredor visitante...
(e o verso que é obra-prima)
“O famoso ás no volante!”
 
A porquinha se casou
e chora o tempo inteirinho!...
Bem que a mãe dela avisou:
– Não case com porco-espinho.
 
Um remédio envenenado
e a Julieta morreu.
O Romeu foi condenado
porque ela disse: – Erro... meu!
 
Pergunta o “maitre”, polido:
(no prato, a vespa... tostada!!!)
– E qual foi o seu pedido?
– O prato da vez passada.
 
Vamos, ao circo, sozinhos
e, por favor, fiquem calmas...
E as mães dos dois mosquitinhos:
– É que o povo... bate palmas!
 
– Venha, tigresa, pra cama...
(o velho rico resvala)
e a garota de programa:
– Mais um tigre... de Bengala!
 
Pensei no jogo “e deu galho”,
quando ela gritou: – Tarado!
Só disse, ao ver o baralho:
– Mocinha, você tem dado?
 
Deita e fala em natação!
A esposa, recém-casada,
num sufoco espera em vão...
E o marido... nada... nada...
 
Diz sem olhar pro cliente:
– Você tá sendo traído...
Só que a cigana “vidente”,
leu a mão... do seu marido!
 
Cai no trilho e a triste sina
maldiz tanto o beberrão:
– Essa escada não termina
e é tão baixo o corrimão!
 
Desdentado, velho e fraco,
toda noite “deita e rola”,
mas não acerta o buraco...
Triste fim... de um tatu-bola!
 
Foi, de corrida, ao local
pensando em bumbuns... artistas...
“Noite do Fio Dental”
era um curso... pra dentistas!
 
Cai da escada (algo o sustenta)
– Francisco de Assis... tô frito!...
O santo o solta e lamenta:
– Perdão... sou São Benedito.
 
Gera corrida e surpresa
notícia mal pontuada:
“A mulata Globeleza
visita a Serra... Pelada”.
 
Ao ver que estava em perigo,
fechou, a Jane, a matraca...
É que o Tarzã, sempre amigo,
hoje “tava com a macaca”!
 
“Meu anjo corre comigo”...
Na curva ele foi direto
sem ler a placa “Perigo”.
Seu anjo?... era analfabeto!
 
“Deu bode” a vaidade dela...
A plástica a esticou tanto
que agora só faz novela,
que exige ... cara de espanto!!!
 
“Eu quero uma bênção” diz
o andarilho, no convento.
Com a mão tampando o nariz,
o monge lhe diz: – Sê bento!
 
Já velho, o Sansão estrila:
– Minha mulher tá caduca...
Mal cochilei e a Dalila
tosou a minha peruca!
 
Na “guerra” pela conquista
de um bom salário, valentes,
a manicure e o dentista
lutam “com unhas e dentes”.
 
Não sobrou uma peninha!!!
E o galo, machão, despista:
– Saio pelado da rinha
quando é verão... Sou nudista.
 
Ao pai dela, o cafajeste
explica: – “Foi num pagode”...
O velho é um “cabra da peste”
E a moça lhe diz: – “Deu bode”!
 
“Quero algo que me deleite”!
diz, ao leiteiro... e o panaca:
– Vista a roupa... não se deite...
que eu vou buscar minha vaca.
 
Pôs anúncios nas estradas:
– “Por um módico aluguel,
moitas limpas, bem cuidadas”...
e inaugurou... seu “Moitel”!
 
Vendo a grana do “pamonha”
ela diz, baixando o olhar:
– Num motel?... Tenho vergonha...
só se for familiar...
 
– É o piloto... tô em perigo!...
Tem fumaça... e um fogaréu!!!
– É a torre... reze comigo:
Pai Nosso que estais no céu...
 
“Sultão velho vende, urgente,
tendas sem uso, importadas.
No aperto, dá de presente,
odalisca e esposa... usadas”.
 
Diz ao dançar, enfadonha:
– Você sua!!! e isso mexeu
com o caipira... e o “pamonha”
diz, baixinho: – Vô sê seu!!!
 
Pra casar, fingiu carinho
e ao tornar-se sua herdeira,
encomendou pro velhinho
um “pijama de madeira”.
 
Ele explica:- Eu fui pra cama,
tava escuro ... (o moço enrola... )
e em vez de pegar pijama
eu pe...gay, a camisola!
 
Se põe pijama listrado,
de "zebra" a mulher o chama...
E alguém explica ao coitado:
"Zebra...é um burro de pijama"!
 
– Depressa!... A bolsa ou a vida.
– Mas que sufoco, senhor!...
diz a livreira polida.
Não sabe o nome do autor?
 
Chegou a sogra “querida”
e a desgraça aconteceu...
Veio o cão... com a mordida,
deu a raiva... e o cão morreu!
 
Nas Bodas de Ouro, ela encuca:
– Quer, meu bem, uma canjinha?
Grita o velho: – Tá caduca?!
Que culpa tem a galinha?
 
Olhando seu sangue nobre,
passou momentos felizes!...
Mas, morreu plebeia  e pobre...
Sangue azul?!... Eram varizes!
 
Num pagode eu fui dançar,
diz o velho... e “aconteceu”
quando a moça eu fui tirar:
– Quer dar-me a honra?... E ela deu!
 
“Zerou” no vestibular!!!
Com vergonha, ela tremeu!
Disse ao pai, pra disfarçar:
– Sabe a última?... Sou eu!
 
Para o carro ao ver a farda...
– Cadê a carta?... Quero ver...
– Mas que vergonha, seu guarda!...
Eu fiquei de lhe escrever?
 
“Padre, eu sei quem é Jesus”...
diz o caipira e dispara:
“Conheço o sinar da cruz...
num sei é espaiá na cara!”
 
Pedir votos, não foi “canja”!
Um político safado
criou confusão na granja
e saiu “ovocionado”!
 
Tomou um “chá de cadeira”
lá na dança do cortiço
e ao ver o esposo, ligeira
tomou um “chá de sumiço”!
 
No quarto trancado, os dois,
“pra que aluna se concentre”...
E, nove meses depois,
enfim... a dança do ventre!
 
A nova rica encarrega
o estilista, em plena rua,
de tirar-lhe o que for brega...
e ela foi pra casa... nua!
 
Chora de fome o povão!!!
Pro aperto, depois dos censos,
dá o governo a solução:
– Distribui milhões... de lenços.
 
Quando a esposa entra no mato,
sem vergonha... toda afoita...
o Matos se faz de “pato”
e espera o flagra... “na moita”!
 
À pergunta: – Qual andar?
responde o pinguço, a esmo:
– Onde quiser me levar...
já errei de prédio mesmo!
 
“Que belo corpo!” ele exclama,
sem ver que tem namorado...
“Que vontade de ir pra cama!”
E foi... sozinho e engessado!
 
Sem grana, o povo suspeita:
– Quem tinha fome, tá morto!...
– Quem diz que “tudo endireita”
mora na Granja do Torto!!!
 
“A gente estudamo ingreis
e num é que nóis se gabe...
nóis num gosta de franceis
e portugueis ... nóis já sabe!”
 
– É sedentário, se nota...
precisa andar, companheiro!...
– Isso parece anedota...
seu doutor... eu sou carteiro!
 
“Crescei e multiplicai”
disse o padre... E, em confissão,
se explica o farrista: – Uai...
sigo à risca a religião.
 
Diz, já caduco: – Que tédio!...
E a esposa, sempre calminha:
– Quer jogar dama?... e, do prédio,
ele jogou a velhinha.
 
O trovador tá empolgado
e até troféu quer ganhar!...
O tema é “Mar”... e eis o achado:
– És meu mar...  mas não faz mar!
 
Depois da noite de tédio,
a esposa insiste no assunto:
– Quem te disse que o remédio
levantava até defunto?
 
Deram sumiço ao rateio
do mensalão...e, por zelo,
o ladrão, lá do correio,
diz que não aceita... sê-lo!
 
– Que consulta milionária!!!
diz o velhinho... e diz mais:
– Se a doença é hereditária,
a dívida é dos meus pais!
 
“Pescar, pra mim, é mania
e é estranho que a esposa deixe”!...
Ele vai pra pescaria
e ela vai “vender seu peixe”!
 
Num dos quadros se consterna...
Vê o pintor... “mete o bedelho”:
– Que homem feio!!! Arte moderna?
– Não, meu senhor... é um espelho.
 
Sem ter a mãe pra chocá-lo,
diz, no ninho, um ovo aflito:
– Sonhei tanto em ser um galo
mas, pelo jeito... “tô frito”!!!
 
É sapateiro e faz “rangos”.
Sem grana, não tem recatos:
– Corre aqui... quando assa frangos...
– Corre lá... quando há sapatos.
 
- Canta mal, essa "coroa"...
- Pois saiba que é minha tia.     (Menção Especial Conc. Adelmar Tavares, RJ, 1988)
- Se a música fosse boa...
- Pois é de minha autoria!
 
Ao vir “de fogo” recua
gritando, após a topada:
– Que faz um poste na rua,           (co-vencedora UBT SP - 2007)
às duas da madrugada?!
 
O bombeiro subalterno
morreu... e o céu foi seu rogo...     (co-vencedora UBT SP - 2007)
Mas, foi mandado pro inferno
porque no céu... não tem fogo!!!
 
Diz, o demo, ao passar mal:
– As chamas já não governo...
O aquecimento global
fez, do meu lar... um inferno!
 
– Vou ganhar... meu santo é forte!...
E o santo: – Eu não sei jogar...
Nem sei porque pede sorte
se aposta em “jogos de azar”!!!
 
“Sem velas, eu quero o bolo”
– quanto à idade tem cautelas –
Pobre “coroa”... deu “rolo”...
veio um bolo... com cem velas!!!
 
Chega tarde, o companheiro
e ao ver tanta “grana”, exclama:
– Como ganhaste o dinheiro?!
Passas o dia na cama!...
 
Foi o bebum, “muito esperto”,
como eremita... e está crente
que, no calor do deserto,
o oásis é de água... ardente!
 
Pergunta a rica emergente
se o planeta tem hotéis...
Quer ir pra Saturno, urgente,
“pra comprar muitos anéis!”
 
 
O que faz dentro do armário?!
(nu, no aperto, ele se poupa)
– Tem traças!... e o esposo otário:
– Xi!!!... Comeram sua roupa!
 
Na pescaria, ao saber,
já voltou soltando farpas:
– O que o “polvo” vai dizer?
Desta vez, tu não me “escarpas”!
 
Minha vizinha, coitada,
ao visitar sua prima,
tropeçou... caiu da escada
e foi... “para o andar de cima”!
 
Ele usa e abusa das rimas...
sobe “degrais”... põe “chapéis”...
e após ler as obras-primas:
– Onde eu pego os meus “troféis”?
 
Jaz, o ancião, na cascata!...
Seu anjo, que é seu abrigo,
já velho e com catarata,
não viu a placa “Perigo”!
 
O torcedor se consome...
e a cada apito infeliz,
se é feito o gol, grita o nome
que é dado... à mãe do juiz!
 
– Ando sem luz... desligada...
sem a energia prevista...
E a cartomante, chocada:
– Vou chamar o eletricista.
 
O meu traje de diabo
para o desfile, é modesto.
O que falta é pôr o rabo,
porque a ex... já pôs o resto!
 
Foi de tomara - que - caia
desfilar... como previu
foi só tropeçar na saia
e o seu “tomara”... caiu!!!
 
Desfila desprevenida
 e usando disfarce, a idosa.
 Ao ficar nua é detida
por propaganda enganosa!
 
Bateu o bolo, chateada...
Na praia, o sol ninguém viu...
Voltou de “pele queimada”
porque seu forno... explodiu!!!
 
Diga o tempo que me resta...
demora essa informação?
E o doutor, com voz funesta:
– Calma!... é só ver que horas são.
 
Falhou, marcando o compasso
do forró... mas, se esforçou
e quando acertou seu passo
seu marca-passo... falhou!!!
 
O salão que se destaca,
lota, assim que a noite desce,
por um engano na placa:
– “Faço tranças”... tá com S!!!
 
Chega a cantora que é mestra
no gingado da cintura
e os integrantes da orquestra,
nem olham pra partitura!
 
– Mas, que rapaz insolente!...
(e a viúva se desgosta)
Fez a proposta indecente
e ficou só na proposta!
 
“Se ela, amigo, não lhe quer,
mesmo que haja algum perigo,
pegue já qualquer mulher...
Pegou... a mulher do amigo.
 
Por xeque-mate, em segundos,
perdeu tudo... e o que ele fez?
Pagou com cheque sem fundos
e foi parar... no “xadrez”!
 
Ao ver, na cerca, a viuvinha
usando roupa sumária,
diz, o esposo da vizinha:
– Que mulher extra... ordinária!!!
 
Garota, que muitas vezes,
com jantares se tapeia,
vai, durante nove meses,
“chorar... de barriga cheia”!
 
“Se é do próximo, eu já disse
que é pecado”, explica o monge.
“Pecado?... mas, que tolice!
O esposo dela... está longe”!...
 
Tanto disse pro marido
que ele era um “pato”, a dondoca,
que ele se sentiu traído
quando a pata ficou choca!
 
Na evolução, há um problema
sempre que o homem retroage:
– A “Garota de Ipanema”,
hoje é a “Gostosa da Laje”!!!
 
“Depois do jantar, o mate”
diz, ao filho, o anfitrião.
Foge, ao perigo, o mascate.
Foi... sem tomar chimarrão!...
 
Perdeu no xadrez também
e , sem dinheiro, se abate
ouvindo a ordem de alguém:
– Se não der um cheque... mate!
 
– Sapataria?!... Apressado,
consulta a lista e se “toca”:
– Eu peguei número errado...
– Traz aqui, que a gente troca.
 
Ao ver seu pai num pastel,
camarãozinho chorou!...
– Mamãe foi num coquetel
e até hoje não voltou...

 

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LÍRICAS, FILOSÓFICAS E OUTRAS

Caminho, mantendo acesa
a chama da sensatez,
na  estrada em que, com certeza,    (10º lugar Caicó - 2008)
não passarei outra vez.

Comparo a um pano rasgado           (Venc. Conc. Guilherme de Almeida/SP 1990)
esse amor ao qual me rendo:
quando parece acabado,
um de nós faz o remendo. 

A travessia é mais triste              (Menção Honrosa em Porto Alegre - 1991)
se, no meio do caminho,
nossa esperança desiste
e a gente segue sozinho.

Tantas juras... de mãos dadas!
Mas a vida, em seus desvãos,
ao namoro armou ciladas
e separou nossas mãos!

Eu olho a rua e, se o vejo,
a razão já sai de perto.
Fecho a janela... e o desejo
esquece o cadeado aberto!

Eu rezo ao beijar meu santo
mas minha oração, de fato,
não chega ao céu... (não me espanto!).     (Venc. Museu Anchieta 1997 SP)
O meu santo... é o teu retrato!

Por mágoas que me consomem, (M. Honrosa Pinda-2004)
hoje eu culpo os erros meus.
Ele era apenas um homem...
fui eu que fiz dele um deus!

Nesta vida alucinante
e de ilusões passageiras,                     (4o. lugar-Friburgo-2000)
às vezes, um breve instante
vale mais que horas inteiras!

Em preto e branco, no entanto,
instantes por nós vividos,                    (Menção Honrosa-Friburgo-2000)
nas fotos têm tal encanto
que eu os vejo coloridos !

Ao inventar meus deslizes,             (Menção Honrosa Guaxupé/MG  1999)
teu ciúme, injusto e louco,
abre novas cicatrizes
e mata o amor... pouco a pouco.

Eu lutei quando quis ter
teu amor... e o consegui!...
Depois, eu quis te esquecer                                 (Venc. Niterói 1999)
e esse combate... eu perdi.

Por meu pranto... por meus ais...
por meu viver infeliz...
sei que saudade é bem mais
do que o dicionário diz!

O meu coração me intriga
e só me traz confusão...
Toda vez que a gente briga                      (MH Bandeirantes 1993)
quero esquecer-te ... e ele não!

Suas cartas, quase em tiras,        (Menção Especial UBT SP - 1989)
leio em segredo e me fere,
procurar entre as mentiras,
aquela que diz: - Me espere!

Queimei coisas do passado...
Não tem volta... Pouco importa!         (Menção Especial em Bandeirantes - 1989)
Mas o vento, que malvado,
trouxe a cinza à minha porta!

Não abro a última carta....
Seja a notícia qual for,
sei que não vens... e estou farta
de ler mentiras de amor!

Faz promessas... sei que mente...
Mas, desta vez - que maldade! -
disse adeus e, infelizmente,
desta vez... disse a verdade!

Suas vindas... são surpresas!...
Faz juras... se contradiz...
E é esse amor, sem certezas,
que há muito me faz feliz!

É noite!... a cama arrumada...
O rádio de pilha mudo...
Sua foto... e, nesse 'nada',
a sua presença... em tudo!

Eu acendo a vela benta
e, com fé, beijo a medalha
mas, quando você me tenta,
meu anjo-da-guarda... "falha!

Deu-me a vida!... E, alegre ou triste,
deu-me o dom de fazer trovas.
Para crer que Deus existe,
não preciso de outras provas.
 
Sempre meigo, às vezes triste,
foi razão do meu viver.
Sorriso igual não existe...
Só minha mãe soube ter!
 
Cada filho, que eu criei,
deu-me um pouquinho de si...
Se a viver os ensinei,
com eles... quanto aprendi!
 
Fazer trovas, nem me atrevo...
são só de avó meus afetos.
Fazer sonetos?... Não devo...
durante as férias... só netos!
 
De Luiz Otávio, eu sabia
de cor seus versos mais ternos...
Todo o seu sonho cabia
nas folhas dos meus cadernos.
 
Seresteiro, sonhador,
à trova ele deu abrigo.
Foi poeta e trovador...
Foi meu mestre... e meu amigo!
 
Não acho coisas no chão
porque não consigo vê-las.
Sou poeta, eis a razão:
– Ando à procura de estrelas!
 
Que eu tenha, no dia a dia,
cautela na trajetória...
Meus passos, na travessia
gravam, no chão, minha história.
 
Sufoca a dor em meu peito,
meu coração sonhador...
e ajeita o ninho desfeito,
à espera de um novo amor!
 
Uma foto... uma missiva...
que eu guardei da mocidade.
Uma flor, a sempre-viva
e a sempre viva... saudade!
 
Há certos dias tristonhos
em que um livro me faz bem...
e enquanto não tenho sonhos,
vivo dos sonhos de alguém.
 
Sorrindo, tento esconder
toda a mágoa que me inspiras
Finges me amar... finjo crer...
Nós somos duas mentiras!
 
Passam, sorrindo ao meu lado
avó e neto... amor puro!
Nela, revivo o passado...
Nele, adivinho o futuro.
 
Por mais que o mundo me agrida,
minha fé não arrefece...
Mesmo no inverno da vida,
Deus manda o sol que me aquece!
 
Meu tempo é o da serenata...
do flerte... da matinée...
da valsa... terno e gravata...
do primeiro amor... você!
 
Sua mensagem chegou...
Rasguei a carta e, serena,
lembrei que o tempo passou
e agora é tarde... Que pena!
 
Perguntei ao coração
se este amor o faz culpado.
Respondeu  – e tem razão –
“Não amar é que é pecado”.
 
Se a vida me desafia
e eu luto e venço a batalha ,
o destino, à revelia,
põe noutro peito... a medalha.
 
Que não haja cerca ou muro...
que entre as flores, no quintal,
a criança, no futuro,
celebre a paz mundial!
 
Que eu não me esqueça, jamais,
que a moral é a diretriz
e ter ética é bem mais
do que a gente pensa e diz!
 
A tua língua refreia,
porque a calúnia é um defeito
de quem pela vida alheia
não tem o menor respeito!
 
Quando desfazes a trança,
jogando longe teus grampos,
tu me recordas a dança
do trigo dourando os campos!
 
Foi o segredo a guarida
que o nosso amor protegeu...
e a inconfidência da vida
nos fez Marília e Dirceu
 
Eu creio na juventude
por mais que o mundo se oponha
e lhe seja hostil e rude,
luta e sofre... canta e sonha!...
 
Se vejo o mundo às escuras,
embarco em meu sonho...e assim,
subo a escada e, nas alturas,
acendo um sol para mim!
 
Ah, poeta, que venturas
ouso sonhar quando passas!...
São para mim tuas juras
e envolto em versos... me abraças.
 
Faz poesia quando sonha
ou se chora... e é sedutor!
O poeta não se envergonha
de fazer versos de amor!
 
Ao romper os nossos laços
chego à estranha conclusão:
– A saudade não tem braços,
mas aperta o coração!
 
Não me zango se ele tarda
ou se o espero e ele não vem...
É que o meu anjo da guarda
deve estar velho... também!
 
O seu olhar tem tal brilho
que chega à sublimidade...
Toda mãe, que espera um filho,
tem um “quê” de majestade!
 
– Hoje, vovô, aprendi:
“Somos iguais pela lei”
O negro velho sorri...
– Vovô, eu li... não sonhei!
 
Ao terminar seu fadário
Deus, por amor, se fez réu:
– teve por pódio... o calvário.
– teve uma cruz... por troféu!
 
Um flerte!... e a pracinha acesa
foi meu castelo dourado!...
No reino, onde fui princesa,
foste o príncipe encantado.
 
Você, sozinho... e eu, sozinha!...
Por sorte a chuva caiu
e, sob a mesma sombrinha,
o destino nos uniu.
 
Hoje eu volto à antiga praça
e a saudade tem tal ânsia
que, em cada estranho que passa,
procuro o amigo de infância.
 
Quase ao fim da caminhada,
meu coração não tem jeito!...
Sempre um toque de alvorada
Acorda o sonho... em meu peito!
 
Com teus disfarces fracassas
nas juras que eu sei de cor...
e entre nós, quando me abraças,
fica a distância maior!
 
Se, um dia, o amor acabar
e  as juras você esquecer,
basta um recado no olhar
e eu saberei entender.
 
Por favor, não diga nada...
Quero lembrar, comovida,
as palavras da chegada
e não o adeus... da partida.
 
Nosso encontro tem magia
e a nenhum outro se iguala.
A lua, indiscreta, espia...
Que importa?... A lua não fala!
 
Tem, do herói, santo ou profeta
– em meio às guerras e à dor –
a mesma audácia, o poeta
que teima em falar de amor!
 
A vida, má roteirista,
dá-me um papel... não me ensaia
e, se eu tento ser artista,
nega-me o aplauso... e me vaia!
 
Ao reler: – “Amor... coragem...
é a vida... são contingências”...
eu descobri na mensagem,
teu adeus... nas reticências!
 
Desta secreta paixão
que em meu peito já não cabe,
falo a Deus em confissão,
mas eu sei que Ele já sabe!
 
Depois do beijo, a traição:
– Adeus... Menti... me segredas
E eu, cega pela paixão,
não vi as trinta moedas!
 
Ah!... coração, se me abrasas
lembrando a antiga quimera,
a saudade, ao ganhar asas,
chega à varanda... e te espera!
 
O tempo, com maestria,
fez, do riso e do desgosto,
um atalho, a cada dia,
nos “caminhos” do meu rosto!
 
Traições?... Foram centenas!...
– agora pedes perdão –
E ao amor, com que me acenas,
cem vezes eu direi: – Não!
 
A vida, por brincadeira
ou distração, faz da gente,
velha ponte de madeira
sempre à mercê de uma enchente!
 
“Um doutor”, o pai almeja...
e a mãe, a sorrir, lhe diz
que amor e paz lhe deseja...
Só quer que seja... feliz!
 
Se de amor o velho fala,
corre o seu pranto... e, de manso,
a saudade, calma, embala
a cadeira de balanço.
 
Se a luz do dia revela
que a noite de amor é finda,
fecho, depressa, a janela
e pensas que é noite ainda!
 
Meu coração é um turista
que, no amor, buscando a sorte,
o teu coração conquista
sem guia e sem passaporte!
 
A foto o orvalho umedece,
depois que o amor teve fim...
E à minha ilusão parece
que ainda choras... por mim!
 
É um sentimento bendito
o  amor de mãe, que eu defino:
– É quase sempre infinito
e, muitas vezes, divino!
 
Nosso mundo sofre o enfado:
– Sem deveres!.... Só direitos!...
As virtudes do passado
hoje em dia.... são defeitos!
 
Pede cautela a razão,
no labirinto da vida...
mas, sei que o meu coração
também conhece a saída.
 
Se a cruz é leve ou pesada,
para quem crê, não importa!...
Deus nos dá, para a jornada
o peso que a fé suporta.
 
Estuda, criança, aprende,
que um livro sempre faz bem...
e a vida, às vezes, depende
da cultura que se tem.
 
Sei que este amor é veneno
do qual bebo... e o que é pior:
– Desejo, quanto mais peno,
sempre uma dose maior!
 
“Ontem passou”... ele disse
pedindo, outra vez, perdão.
Eu não sei se fiz tolice
Mas, desta vez, disse: – Não!
 
À droga, ao fumo, à bebida,
– é o bom senso quem avisa –
se der a um deles guarida,
torna-se vício... e escraviza!
 
O homem, a cada investida,
em sua ambição funesta,
nos rouba o direito à vida
ao destruir a floresta.
 
Falo à minha confidente!...
Lá no céu, onde se esconde,
minha estrela, displicente,
pisca... pisca... e não responde!
 
Tanto amor na despedida!!!
Voltas... e eu não sinto nada...
Pior que o adeus, na partida,
foi nosso adeus, na chegada!
 
Deus cria a lua e as estrelas
e uma pergunta o inquieta:
– Quem poderá descrevê-las?
Então, Deus ... cria o poeta!
 
Ao conter minha ousadia
deu-me o destino, severo,
em vez do amor que eu queria,
a saudade... que eu não quero.
 
Ao disfarçar a paixão,
quando na rua se olharam
bem à luz do lampião,
suas sombras... se abraçaram!
 
O teu coração – Que pena...
é um teatro itinerante
e, nele, eu só entro em cena
no papel de coadjuvante.
 
Voltaste... e a felicidade
encheu a casa vazia
e o que eu chorei de saudade,
hoje eu choro... de alegria!
 
Senhor, que eu ouça o alarido
do pobre e não seja omissa.
Que eu seja a voz do excluído
que, clama, aos céus, por justiça.
 
Sem ódio... sem armamento...
sem heróis, que a guerra faz,
seja o mundo um monumento
erguido em nome da Paz!
 
O teu olhar me convida
ao amor... e, ainda que evite,
no meu delírio, atrevida,
eu aceito o teu convite.
 
Vencendo desfiladeiros,
grava o trem, na trajetória,
a saga dos pioneiros
nos trilhos da nossa história!
 
Tenham, todos, terra e teto
sem preconceito ou fronteira
e que haja amor, não decreto,
para a inclusão verdadeira.
 
Faz juras, embora negue,
nas cartas, que eu faço em tiras,
para que o vento carregue
todas as suas mentiras!...
 
Na velhice, a sorte rara:
– o amor de ternuras calmas...
e a despedida separa
seus corpos... não suas almas.
 
Ah! Coração, tem cautela
e deixa de brincadeira!...
Tens sonhos de Cinderela
e eu sou Gata Borralheira!
 
Quantas vezes, na alegria
não o vejo e até o esqueço...
Meu amigo vem no dia
em que sabe que eu padeço.
 
Francisco de Assis!... Exemplo
de amor à pobreza e à cruz,
faz-me crer, quando o contemplo,
que ele era irmão... de Jesus!
 
Morre o poeta!... Na rua,
tristonho, alguém fecha o bar
e, na noite escura, a lua
se esconde para chorar.
 
Ninguém compra... ninguém vende...
Neste mundo consumista,
quem sabe de amor entende
que a Paz... a gente conquista!
 
Que o Brasil sirva de exemplo
e possa ao mundo mostrar
que a Amazônia é qual um templo...
Não se pode profanar!
 
Gostar de ler!... eis a cura
para a insônia e a solidão...
Livro é fonte de cultura
e faz bem... ao coração!
 
Manto nos ombros... capuz...
E o menino, entregue à sorte,
busca, na rua sem luz,
a droga... que o leva à morte!
 
Constrói o amor que se aquieta,
nas tramas que a vida tece,
uma passagem secreta
que só o coração conhece!
 
Se em lágrimas não se expande,
meu coração não me espanta!
Quando a dor é muito grande
fica presa na garganta.
 
Outro amor, de mim, ocultas...
e eu vejo nos olhos teus
quando o relógio consultas,
que está na hora... do adeus!
 
Eu não temo o que amealha
pedras de ódio e de rancor,
por crer que qualquer muralha
cai... ante a força do amor!
 
Brinca de roda, a criança...
Olho a ciranda e asseguro:
– De mãos dadas há esperança
de haver mais paz... no futuro!
 
Ao procurar as raízes,
tem o meu sonho tal ânsia,
que ao buscar dias felizes
volto à fazenda da infância.
 
Não é a cruz no peito, à mostra,
que a bênção de Deus atrai
mas, sim, quando a alma se prostra
e fala, em segredo, ao Pai.
 
É na terra ressequida,
que a capela, no sopé,
ante a pobreza da vida,
mostra a riqueza da fé!
 
Dizendo ofensas me feres
e, pagando a quem te abraça,
procuras noutras mulheres
o amor... que eu te dei de graça.
 
Subiu-me o sangue à cabeça
e errei ao brigar contigo...
É que disseste: – Me esqueça...
e sabes que eu não consigo!
 
Na porteira, em seu vaivém,
volto  à infância... e ao recordar,
eu fico à espera de um trem,
que eu sei que não vai passar!
 
“Não quero esse amor”, repito
e escrevo essa informação
ao meu coração que, aflito,
apaga depressa o “Não”...
 
No mundo, sem esperanças,
na violência da vida,
em meio ao lixo, as crianças
comem restos de comida!
 
O idealismo se turva,
se o povo de uma nação
vê que a justiça se curva
ante o poder e a ambição.
 
Quem prega a fraternidade
ao “Prêmio da Paz” faz jus!
Falar de amor, na verdade,
já teve outro “prêmio”... a Cruz!...
 
Enquanto o corpo se esquiva
ao passar, por ti, na praça,
minha alma foge e, cativa,
corre feliz... e te abraça!
 
Guardei, da nossa paixão,
teus beijos... teu meigo olhar...
As mágoas, meu coração
achou melhor não guardar!
 
Ao disfarçar meu desgosto,
falsa alegria improviso...
mas, desce o pranto em meu rosto
e vem molhar meu sorriso.
 
Juro que eu tenho ciúme,
– sem que a culpa seja tua –
de quem sente o teu perfume
quando passas pela rua.
 
Se quem trabalha reclama,
desperta, Brasil, que é hora
de dar valor a quem te ama
e renegar quem te explora!
 
Diz a menina mestiça,
lendo um livro, à luz da vela:
– Mamãe, será que a justiça
sabe que existe favela?
 
De repente, o seu olhar
encontrei na multidão
e vi a vida passar...
Ele esqueceu... mas, eu não!
 
Numa atitude arrogante,
– os nossos erros não vemos –
cobramos do semelhante
as virtudes que não temos.
 
Faz dois mil anos, no entanto,
nosso Natal ainda tem
a doce magia e o encanto
daquela noite... em Belém!
 
Ah, coração toma jeito!...
Calma em tuas investidas,
ou te enclausuro em meu peito,
em um túnel... sem saídas!
 
À mensagem não me rendo...
não abro... não quero ler...
para não ficar sabendo,
o que eu finjo não saber.
 
Meu coração não se expande!
Chora baixinho e sem queixa...
Entende que o amor é grande,
pela saudade que deixa...
 
O som da caixinha aviva
 a lembrança... e, com recato,
minha lágrima furtiva
umedece o teu retrato.
 
O rancho, no alto da serra,
foi construído, por certo,
por quem, tendo os pés na terra,
sonha em ter o céu mais perto.
 
Um conselho tem valia
e é mais digno de louvor,
quando a palavra se alia
ao nosso exemplo de amor.
 
Cada amigo tem um jeito
que eu não julgo e nem desdenho.
Ninguém, no mundo, é perfeito...
Defeitos?...  Eu também tenho!...
 
Se a vida torna-se um rio
e em seu curso “não dá pé”
a grande ponte, que eu crio,
tem o alicerce... da fé!
 
É noite!... e, num desvario,
na dor que a sufoca e invade,
chorando o berço vazio
a mãe embala a saudade.
 
Se, um dia, alguém não te amar
e te fizer infeliz,
não te esqueças de lembrar
com que desvelo eu te quis!...
 
Tendo o amor por inquilino,
com coragem e artimanha,
meu coração é um menino
que ora bate... que ora apanha!
 
Ao programar a viagem,
seja qual for a cidade,
leve união na bagagem...
encha as malas... de amizade!
 
Sempre que o perdão eu nego
e ao irmão digo: – Jamais...
a cruz que, no ombro, carrego
em minha alma... pesa mais!
 
Volto à casa, que “era minha”,
risco a calçada e, feliz,
vou pular amarelinha
mas, o pranto apaga o giz!
 
A mãe beija o relicário
com a medalha do filho,
que foi expedicionário...
E o pranto embaça o seu brilho.
 
O tempo passa e eterniza
nosso amor que hoje é queixume,
se a saudade se faz brisa
e me traz o teu perfume.
 
Enfrento o espelho... e, enfadonha,
a velhice se intromete...
– Que pena!... o que a gente sonha,
o espelho jamais reflete.
 
Faze o bem, mesmo a quem falha
ao cruzar os teus caminhos...
Repara que Deus orvalha
as rosas e os seus espinhos.
 
Acaba a guerra... e, lá fora,
os festejos já cessaram
e o quartel, fechado, chora
seus filhos que não voltaram.
 
A vida me faz chorar
e eu vejo no meu sofrer,
que é nos momentos “de azar”
que a gente aprende a viver.
 
A vida me fez formiga
do jeito que a história narra...
Quanto mais ela me instiga,
mais eu teimo em ser cigarra.
 
Morre o velhinho, tranquilo...
A velhice não resiste
à solidão de um asilo,
onde a tristeza... é mais triste!
 
A trova vence barreiras,
trilhando caminhos novos
e ultrapassando fronteiras
busca a amizade entre os povos.
 
Em silêncio, ante a proposta
da vida, a razão assunta...
Quando decora a resposta,
a vida muda a pergunta!...
 
É a rua da minha infância...
recordo a casa... ouço o trem...
e cismo embora à distância,
que não me esqueceu... também!
 
Meu coração vai à luta,
indefeso e apaixonado,
como se fosse um recruta
pisando um campo minado!
 
Duas palavras pequenas
o “Não” e o “Sim” – mas, vigia
para que uses uma apenas
com plena sabedoria!
 
Uma inscrição no cimento
e a grande lição da vida:
– A data do nascimento
e o momento da partida...
 
Quando pediste o retrato
onde dizes: – “Sempre teu”
eu percebi que, de fato,
nem o retrato era meu!
 
Ao atender meu apelo
se a vida se faz ingrata,
chego a sentir o desvelo
com que Deus sempre me trata!
 
Nos caminhos percorridos
depois do adeus, a inconstância
fez, de outros sonhos vividos,
detalhes... sem importância!...
 
Sente, a justiça, o desgosto
do injustiçado a chorar
e tira a venda do rosto
para o seu pranto enxugar...
 
Foste embora... e me revolta
saber que o amor se perdeu,
porque a passagem de volta
a vida não preencheu.
 
Nos caminhos que, hoje, eu trilho
nos lares não se usa mais...
Eu sou do tempo em que o filho
pedia a bênção aos pais.
 
São, os brincos de safiras
que me deste em tempos idos,
testemunhas das mentiras
que disseste em meus ouvidos.