SÉRGIO FERREIRA DA SILVA - Santo André

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          Jovem e competente trovador nascido em Santo André, em 05 de junho de 1963. Bacharel em Direito - Graduando em Letras. Prêmios mais importantes: Revelação (1997) – União Brasileira de Trovadores (UBT)/SP. Confraternização de Trovadores Paulistas (2000) – UBT – Seção Santos/SP – Categoria Estadual - 1° lugar. Magnífico Trovador (Título Honorífico) nas categorias Lírica/Filosófica e Humorismo (2002 – Nova Friburgo/RJ).
 

TROVAS LÍRICAS / FILOSÓFICAS
 

Escrito de próprio punho,            (1º lugar Concurso dos Magníficos - Friburgo/2009)
mas na gaveta guardado,
o meu amor é um rascunho
que nunca foi publicado!

No compasso das batidas,                (uma das vencedoras em Nova Friburgo 2005)
o meu coração suplica,
pelo bem de nossas vidas:
Fica...ca! Fi...ca! Fi...ca! Fi...ca!

Sempre tua...” e, em meus palpites,       (co-vencedora em Guaxupé/MG - 2000)
eu suponho, um tanto louco,
que, em meu amor sem limites,
“Para sempre...” é muito pouco!

Em minha infância, eu fazia
ser, meu sonho, tão real,
que uma fazenda cabia
no fundo do meu quintal!

Em noites de nostalgia,
quando a rimar eu me atrevo,
tua ausência, em parceria,
dita os versos que eu escrevo !

Tentar desfazer as mágoas
que o meu peito guarda e sente,
é como querer que as águas
corram da foz... à vertente!

Tua alma desperta em mim                            (Nova Friburgo - 2004)
tanta calma e tanto ardor,
que, se o amor não for assim,
eu mudo o nome do amor!

 Choveu... e, agora, a enxurrada                      (Nova Friburgo - 2004)
leva as coisas, feito alguém
que, ao partir, numa alvorada,
levou minha alma,... também!

No curso de nossas vidas                                    (Nova Friburgo - 2004)
por diferentes estradas,
nossas almas, distraídas,
continuam de mãos dadas.

Este teu querer incerto,                                        (Nova Friburgo - 2004)
imprevisível demais,
fez de minh'alma um deserto,
com chuvas... ocasionais.

Do sonho compartilhado,
agora, somente resta
um convite, amarelado,
marcando o dia da festa...

Nas noites frias, um drama
que a miséria perpetua :
alguns chamarem de cama,
o que outros chamam de... rua !

Nos braços da noite calma,
entre lençóis e desvelos,
sinto que afagas minh'alma,
quando afagas meus cabelos...

 Cansado dos desatinos,
o mundo roga que Deus
torne a paz dos palestinos
igual à paz dos judeus!

Por ser humana, a inconstância
induz ao erro e ao rancor,
tornando curta a distância
entre o réu... e o julgador !

 Depois de tantas tristezas,
tantas promessas e ausências,
eu grafo as tuas “certezas...”
com aspas e reticências.

Transformei meus descaminhos
em fortunas grandiosas:
quem não navega entre espinhos,
não encontra o Mar de Rosas!

Vão meus sonhos, num batel,
buscar certezas... Em vão:
os meus barcos de papel
são, apenas, o que são!

Nada mais nos aproxima...
e, nessa ausência de afeto,
nós somos trova sem rima                              ( Pouso Alegre 2003)
e sem sentido completo!

Alguns homens, imprudentes,            (co-vencedora em Peruíbe - 2000)
fazem lembrar certos rios:
nascem em boas vertentes,
mas se perdem... nos desvios!

 Essa ternura que exalas,
e os meus receios acalma,
faz um vôo, sem escalas,
da tua pele... à minh’alma!

Os poetas e os vulcões
têm almas de mesma essência:
a calma em seus corações
é calma... só na aparência.

Amigo é aquele artesão
que, sem receios, lapida    (Fonte: "Mensagens Poéticas")
com o cinzel do perdão
as pedras brutas... da vida!

Nossas crianças carentes
devem ser salvas agora:
Não haverá mais poentes
se nós matarmos... a aurora!

TROVAS HUMORÍSTICAS

A sogra entrega o genrinho             (trova vencedora em Nova Friburgo - 2005)
ao faminto canibal:
“Cuida dele com carinho...
mas... vê se tá bom de sal!”

faminto... e não tem bóia!             (trova vencedora em Nova Friburgo - 2005)
Eu num guento esse jejum!!!
Fome Zero??? Uma pinóia:
minha fome... é MENOS UM!

- Que fome, mãe! Tem comida?               (trova vencedora em Nova Friburgo - 2005)
- Temos sopa de letrinhas...
Grita a filha mais sabida:
- As maiúsculas são minhas!

No banheiro do armazém,
um gemido longo... e agudo...                   (Nova Friburgo - 2004)
e o marido: “Tudo bem???”
E a mulher responde: “Tuuuu...do!”

Alheia ao calor eterno,
a Sogra, por vocação,                                 (1o. lugar - Friburgo-2001)
tão logo chegou no Inferno,
assumiu... a Direção !

Pergunta o Demo,descrente:
"- Tanto calor, não te arrasa?"                    (M. Honrosa-Friburgo-2001)
E o pecador diz : "- Óxente,
eu tô me sentindo em casa !"

Diz o dentista: - Está pronta...               (co-vencedora em Peruibe - 2000)
a dentadura escolhida!
E a velhinha, ao ver a conta:
- Nossa, doutor, que “mordida”!

Trambicando a todo instante,                            (Nova Friburgo 1997)
Jacó, na esmola, revolta:
pois, usando de um barbante,
puxa a moeda de volta !

Ao chegar no beleléu,
mostra, o bebum, seu espanto:
“- Não tem boteco no céu ?
E as pingas que eu dei pro santo ?!?”

Uma receita eu preparo
e um gato me desanima:
chega perto,... apura o faro...
e joga areia por cima !

Caloteiro – e bem sacana! –               (co-vencedora UBT SP - 2003)
não tem vergonha na cara:
até quando paga em grana
cola um papel de “BOM PARA”...

“Me diga, velha cigana
(que sabe a sorte do mundo),               (co-vencedora UBT SP - 2003)
o que eu faço pra ter grana???”
- Vai trabalhar... vagabundo!!!

“Não tenha pressa, querido,...           (co-vencedora UBT SP - 1998)
meu marido ainda demora !”
E apanhou : ... era o marido
que estava com ela, agora...

Domingão tradicional...
e eu num canto, desolado,
lembro que Adão foi o “tal”,
sem sogro, sogra, ou cunhado !

Leve, Noel, com cuidado,
desde que o saco suporte,
minha sogra e meu cunhado
pr’os quintos... do Pólo Norte!

O coveiro disse, enfim:
“Não quero ser encrenqueiro...
Eu enterro a sogra, sim,...
Mas,... tem que morrer primeiro!

Na gravidez, minha tia
queria (tanto)uma filha,
que o meu priminho, hoje em dia,      (Menção Especial  Peruíbe - 1999)
adoooora... usar sapatilha!

Na rede a freira medita,
mas outra  lhe diz, do leito:
“Durma com Deus, Benedita !
“É o jeito, querida, é o jeito...”

Dois bêbados, num boteco:
- Esse "treco" me fez mal...
- Qual o nome desse "treco" ?
- "Não-sei-o-quê..." mineral !

A minha sogra me deu
um troféu e uma medalha...
e, no diploma, escreveu:
"VENCEDOR - TEMA: CANALHA"

Explica, num memorando,
ao chefe: “Pintou um clima:
A Raimunda foi passando...
e eu passei a mão... na rima!”

O especialista em micróbio
explica, todo pomposo :
“Dá-se o nome de macróbio,
ao micróbio mais idoso !”

Quando a Morte, então, chegou
trazendo o eterno conforto,
o preguiçoso exclamou :
"Passa amanhã, que eu tô morto !"

No velório, a confusão
quando o genro, num rompante,
chegou com pinga, limão,
cerveja e refrigerante!

Na prova de português,
dançou, colando, o guri:
“Joãozinho, o que você fez?”
“Eu tava fora... de si!”

Com vontade, o velho espia
os contornos da beldade...
mas a vontade, hoje em dia,
já não passa de... vontade!

"Cuidado! Perigo à frente!"
- dizia a placa - e o Mané
fez a volta, de repente,
e foi em frente... de ré!

Na descarga de energia,
foi quase eletrocutado...
E ele, em choque, repetia:
"Tô chocado, tô chocado!"

Confuso, o dono do empório,
não anda bem da veneta:
na orelha, um supositório,
mas nem sinal da caneta!

O abismo: convidativo...                  (Menção Honrosa  Garibaldi/RS  2002)
A sogra: na beiradinha...
O momento: decisivo...
e a sogra: não era a minha!
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 AS TROVAS ABAIXO FAZEM PARTE DO LIVRO "POEMAS PARA NUNCA MAIS" (certamente teremos algumas repetidas mas, o que é bom "vale a pena ler de novo")
 
 “Sempre tua...” e, em meus palpites,
eu suponho, um tanto louco,
que, em meu amor sem limites,
“Para sempre...” é muito pouco! 
 
Nas noites frias, um drama
que a miséria perpetua :
alguns chamarem de cama,
o que outros chamam de... rua ! 
 
Transformei meus descaminhos
em fortunas grandiosas:
quem não navega entre espinhos,
não encontra o Mar de Rosas! 
 
No velório, a confusão
quando o genro, num rompante,
chegou com pinga, limão,
cerveja e refrigerante! 
 
Por conta da falta enorme,
nas minhas noites vazias,
o silêncio, agora, dorme
no lugar em que dormias... 
 
Os poetas e os vulcões
têm almas de mesma essência:
a calma, em seus corações,
é calma... só na aparência. 
 
A saudade é um sentimento,
curioso, por demais:
é o regresso de um momento,
que não regressa... jamais! 
 
Seu gagá!!! Grita a velhinha...
Repete!!! – Grita  o Marido –
Eu não escutei nadinha !!!
Repetir o que,... querido??? 
 
No conflito entre as nações,
crianças estão de luto:
a paz, em seus corações,
já não tem salvo-conduto! 
 
Toda paixão se assemelha
à palha, por um detalhe:
basta uma simples centelha,
para que a chama se espalhe... 
 
Mesmo as trevas, tão temidas,
têm as cores que eu imponho:
não há batalhas perdidas
para quem persegue um sonho! 
 
Entre as gotas, no teu rosto,
a chuva soube esconder,
em um labirinto exposto,
uma lágrima a verter. 
 
Alguns homens, imprudentes,
fazem lembrar certos rios :
nascem em boas vertentes,
mas se perdem... nos desvios ! 
 
Ao lembrar da despedida
tanta dor experimento
que eu sofro por uma vida,
no instante de um pensamento. 
 
A humanidade se ilude
quanto à justiça que faz:
prega, na cruz, a virtude;
e liberta... Barrabás ! 
 
Em matéria de cobrança,
eis que o Salim se supera :
“Mamãe, não tenha esperança...
ou você paga,... ou já era !” 
 
Numa ilusão bem urdida
o Destino traça a linha
e eu, passando pela vida,
penso que a escolha foi minha! 
 
Por ser humana, a inconstância
induz ao erro e ao rancor,
tornando curta a distância
entre o réu... e o julgador ! 
 
Tomando um rumo atrevido,
com ciência, engenho e arte,
o Homem, menino crescido,
“brinca de carrinho”... em Marte! 
 
Trambicando a todo instante,
Jacó, na esmola, revolta:
pois, usando de um barbante,
puxa a moeda de volta ! 
 
Sentindo o amor dar lugar
a uma excessiva ilusão,
tolo, sem nada enxergar,
chamo essa dor de...Paixão. 
 
Revendo fotos guardadas,
tomadas pelo bolor,
percebo, então, que as mãos dadas
eram poses, não amor ! 
 
A oração conduz quem fala
com humildade, ao divino,
pois, de joelhos, iguala
o Governante e o menino. 
 
No bar, na rua, ou no jogo,
o bebum traz, sempre, a mágoa
de, apesar de estar “de fogo”,
ser chamado de Pau-D’água... 
 
Minha esperança, em essência,
bem mais que estreitar os laços
é fazer da tua ausência
uma presença... em teus braços ! 
 
Nossas crianças carentes
devem ser salvas agora :
não haverá mais poentes,
se nós matarmos... a aurora ! 
 
O luar, sobre a favela,
certa nobreza resgata,
quando, de forma singela,
tinge os casebres... de prata ! 
 
Um problema sem igual
causa o clone do juiz :
pois, além de apitar mal,
nem tem mãe este infeliz ! 
 
Teus dedos fazendo arpejos,
dão-me a clara sensação
de que, em meu corpo, os desejos
são cordas de um violão ! 
 
“Não tenha pressa, querido,...
meu marido ainda demora !”
E apanhou : ... era o marido
que estava com ela, agora... 
 
No curso de nossas vidas,
por diferentes estradas,
nossas almas, distraídas,
continuam de mãos dadas! 
 
Matei meu genro querido
mas, juro, foi sem querer:
assim que ouvi seu gemido,
dei ré... para socorrer! 
 
A idade impõe seus percalços
e a humildade os ameniza:
quem anda de pés descalços
respeita a terra em que pisa! 
 
Um cardápio diferente
serviu ao genro, outro dia:
quiabo,... cerveja quente...
e um prato... de sopa fria! 
 
Nada mais nos aproxima...
e, nessa ausência de afeto,
nós somos trova, sem rima
e sem sentido completo! 
 
No tédio quase infinito,
dessa Saudade sem fim,
o próprio tédio, acredito,
já sente tédio... de mim! 
 
Quando pode, me destrata...
Tudo o que eu faço, detesta...
Minha sogra é bem mais chata,
do que... goteira na testa ! 
 
Essa vastidão que eu sinto
entre o teu olhar e o meu,
é o mais triste labirinto
que um silêncio percorreu.
  
Tenho vontade, seu moço,
de agradar a todo mundo,
rimando sogra ... com poço
(de preferência, bem fundo!). 
 
Enquanto os destinos trança,
a vida, por crueldade,
faz, de um “fio de esperança”,
um novelo... de Saudade! 
 
Após verter meu suor,
sei, na calma do ataúde,
que, se não fiz o melhor,
eu fiz o melhor... que pude! 
 
Diz, o velho professor:
“Vou definir caduquice...”
E, em seguida: “Por favor,
o que foi mesmo que eu disse ?” 
 
Vão meus sonhos, num batel,
buscar certezas... Em vão:
os meus barcos de papel
são, apenas, o que são! 
 
Tentar desfazer as mágoas
que o meu peito guarda e sente,
é como querer que as águas
corram da foz... à vertente ! 
 
Duplicando o teu sorriso,
esse espelho, sem favor,
reflete o instante preciso
da beleza... interior! 
 
Tem mania de doença
e de remédios se entope...
Por isso, não é ofensa
quando alguém grita: “XAROPE!” 
 
“Cuidado! Perigo à frente!”
- dizia a placa – e o Mané
fez a volta, de repente,
e foi em frente... de ré! 
 
Desfila a girafa e, então,
a formiga, rente ao solo,
escapando de um pisão,
lhe deseja “um torcicolo!” 
 
Volto à rede social...
Tua página,... apagada!
Mas a saudade é real:
não pode ser deletada! 
 
Embora com qualidade,
nosso amor é bem restrito:
pouco maior, que a saudade;
pouco menor, que o infinito... 
 
Quando o pranto fez morada
no teu semblante grisalho,
trouxe a imagem da geada,
cobrindo as gotas de orvalho. 
 
“- Falta vergonha ao senhor,
para ser tão caloteiro?”
“- Não me ofenda, por favor!
O que me falta... é dinheiro!!!” 
 
“ - Para pescar tubarão,
qual foi a isca que usaste? ”
“ – Um pouco de diversão:
minha sogra... num guindaste!” 
 
“ - Que fome, mãe! Tem comida? ”
“ - Temos sopa de letrinhas...”
Grita a filha mais sabida:
 “ - As maiúsculas são minhas! ” 
 
Choveu... e, agora, a enxurrada
leva as coisas, feito alguém
que, ao partir, numa alvorada,
levou minha alma,... também! 
 
Do sonho compartilhado,
agora, somente resta
um convite, amarelado,
marcando o dia da festa... 
 
A minha sogra me deu
um troféu e uma medalha...
e, no diploma, escreveu:
"VENCEDOR - TEMA: CANALHA" 
 
Na prova de português,
dançou, colando, o guri:
“Joãozinho, o que você fez?”
“Eu tava fora... de si!” 
 
Domingão tradicional...
e eu num canto, desolado,
lembro que Adão foi o “tal”,
sem sogro, sogra, ou cunhado! 
 
À solidão condenada,
na Praça da Eternidade,
minha súplica é chamada
de Monumento... à Saudade! 
 
Teu coração desertor
partiu sem ser descoberto...
e, ao levar o meu Amor,
fez do meu peito um deserto. 
 
Num esforço derradeiro,
sucumbindo, enfim, à dor,
balbucia, o caloteiro:
“- ...Deus lhe pague, bom doutor!” 
 
“Fui à falência, amigão,...
Estou pra lá de arrasado...”
“Jogo, empréstimo, ou ladrão???”
“Nenhum dos três: ...meu cunhado!” 
 
Em Creta, o monstro distinto
era  a sogra do Teseu:
invadiu o labirinto
e o Minotauro... morreu! 
 
As páginas deste amor,
não passam de um folhetim:
desilusão, dissabor,
outros amores... e fim! 
 
São de brisa os teus carinhos...
Teus beijos são vendavais...
E eu me perco em teus caminhos,
aguardando... os temporais!
 
A feiosa, desfilando:
“O meu sonho é ser modelo...”
E a sogra, então, desdenhando:
“Imagina o pesadelo!”
  
Na descarga de energia,
foi quase eletrocutado...
E ele, em choque, repetia:
“Tô chocado, tô chocado!” 
 
O chão batido,... a porteira,...
o teu semblante... e o destino...
são os marcos da fronteira
entre a saudade... e um menino! 
 
A filha é linda,... eu te digo:
remédio pros corações...
A mãe é a bula, um perigo:
só tem contra-indicações! 
 
Escrito de próprio punho,
mas na gaveta guardado,
o meu amor é um rascunho
que nunca foi publicado! 
 
Essa lágrima que corta
teu semblante, sem favor,
é uma gota, mas comporta
um Oceano... de dor ! 
 
Uma receita eu preparo
e um gato me desanima:
chega perto,... apura o faro...
e joga areia por cima ! 
 
O especialista em micróbio
explica, todo pomposo :
“Dá-se o nome de macróbio,
ao micróbio mais idoso !” 
 
Depois de tantas tristezas,
tantas promessas e ausências,
eu grafo as tuas “certezas...”
com aspas e reticências. 
 
Dois bêbados, num boteco:
- Esse "treco" me fez mal...
- Qual o nome desse "treco" ?
- "Não-sei-o-quê..." mineral ! 
 
Em vigília, as amarguras,
depois de calada  a voz,
trilham as ruas escuras
que existem dentro de nós. 
 
Desejo é o jovem arrais
que, em vez das embarcações,
suplica encontrar um cais,
para ancorar ilusões! 
 
Paisagem singular,
desolada e ressequida:
deserto particular,
que eu ouso chamar de vida... 
 
Na rua do caloteiro,
há um desfile organizado:
o cobrador vem primeiro;
no final, o delegado! 
 
A inocência, em teu semblante
 num contraste, se desfaz,
por ser a prova flagrante
de que me roubaste... a paz! 
 
Teu receio, que dispensa
meu querer e meu carinho,
é trilha fechada e densa,...
mas eu encontro o caminho! 
 
Leve, Noel, com cuidado,
desde que o saco suporte,
minha sogra e meu cunhado
pr’os quintos... do Pólo Norte! 
 
Nos braços da noite calma,
entre lençóis e desvelos,
sinto que afagas minh’alma,
quando afagas meus cabelos... 
 
Um banco tosco, um altar,
um padre – de vez em quando –
e eu (bem pequeno) a rezar,
ouvia Deus... me escutando! 
 
O coveiro disse, enfim:
“Não quero ser  encrenqueiro...
Eu enterro a sogra, sim,...
Mas,... tem que morrer primeiro! 
 
Caloteiro e bem sacana! - ,
não tem vergonha na cara
e, até quando paga em grana,
cola um papel de "BOM PARA..." 
 
Prisioneiro do desejo,
nesta saudade que aflora,
fechando os olhos, te vejo...
e sonho um sonho... de outrora ! 
 
No país da impunidade
e da violência fardada,
as “quadrilhas”, de verdade,
de juninas, não têm nada! 
 
Lá na rede, um barrigudo,
a cerveja e um pensamento:
“A bebida não é tudo,
mas é quase cem por cento !” 
 
Tive a ilusão que eu seria
nas tormentas, teu conforto...
mas, no raiar de outro dia,
foste ancorar noutro porto. 
 
Minha vida é a caravela
que a tempestade não teme :
sopra o vento; eu iço a vela
e permaneço... no leme ! 
 
Nossa vida se renova
- este sempre foi meu lema -,
quando chamamos de prova
o que outros chamam problema. 
 
Casa de rico: a fumaça
é churrasco, ou chaminé...
Já, na favela, é desgraça :
- Corre, que é fogo, muié ! 
 
Minha alegria crescente
me acompanha na viagem
e eu sigo para o poente
com auroras... na bagagem ! 
 
Não me curvo à correnteza,
quando a vejo pela frente :
quem tem fé, força e firmeza
nada de encontro... à corrente ! 
 
Eu sei que deu tudo errado
neste amor de insensatez...
Mas, se voltasse ao passado,
eu erraria... outra vez ! 
 
Para não jogar no lixo
meu celular, tão “sem graça”
eu “taquei fogo” no “bicho”
e fiz sinais... de fumaça ! 
 
Tua ausência é acentuada
pela sensação de perda,
desta marca, esbranquiçada,
no anular... da mão esquerda ! 
 
Creio, bem mais, na atitude,
do que na fé desmedida :
de nada vale a virtude
que não faz parte da vida ! 
 
No porto, um grande escarcéu
quando a feiosa chegou...
e um grito: “Meu Deus do céu,
uma carranca escapou !” 
 
Quando a chuva repentina
recobre o verde do monte,
faz lembrar uma cortina
na varanda... do horizonte ! 
 
Sol, piscina, um paraíso...
Praia linda, caipirinha...
Chega a sogra, sem aviso,
e estraga a trova todinha! 
 
O abismo: convidativo...
A sogra: na beiradinha...
O momento: decisivo...
e a sogra: não era a minha! 
 
Não julgues por esquecida
a mágoa de outra pessoa:
silêncio de quem revida
é igual... ao de quem perdoa! 
 
A solidão, eu suponho,
possui dupla identidade:
matéria prima do sonho
e alma gêmea... da saudade! 
 
Com vontade, o velho espia
os contornos da beldade...
mas a vontade, hoje em dia,
já não passa de... vontade! 
 
A desavença, que brota
entre amigos, tem o som
e o mesmo efeito da nota
cantada “fora” do tom... 
 
Este teu querer incerto,
imprevisível demais,
fez de minh’alma um deserto,
com chuvas... ocasionais. 
 
É pescador de primeira...
mas, antes que alguém se queixe,
leva no bolso a carteira
e o fone do disque peixe! 
 
Faminto, não vi, querida,
talvez, por eu ser tão moço,
que eras fruta proibida
e a tua mãe... o caroço! 
 
Quem faz da vida um deserto,
não deve crer na paisagem :
o Oásis do Amor, por certo,
é pura areia,... é miragem ! 
 
Dona de casa exemplar,
vive sujeita às mazelas:
se diz que “adora jogar”,
ganha um jogo... de panelas! 
 
Receio que a solidão,
esta falsa liberdade,
faça do meu coração
um escravo... da saudade. 
 
Meu amor, em tua vida,
não tem valor literário:
é uma página perdida,
que nem consta do glossário. 
 
Pesado de dar desgosto,
do meu corpo eu ando cheio:
uma foto do meu rosto
pesa uns três quilos e meio! 
 
Em tua grandeza infinda,
entre estrelas erradias,
tu és a Noite mais linda,
que enche de luz os meus dias! 
 
As dores e os desencantos
não foram tantos assim...
Tua boca e os teus encantos
calaram bem mais... em mim! 
 
No compasso das batidas,
o meu coração suplica,
pelo bem de nossas vidas:
Fi...ca! Fi...ca! Fi...ca! Fi...ca!
  
Na cadeia, o vigarista,
ficou famoso de vez...
Agora, é duplo enxadrista:
joga xadrez... no xadrez. 
 
O “santo” pesava tanto
quando era vivo, que, agora,
somente uns três pais de santo
pra mandar o “santo” embora! 
 
É tanta fome que eu sinto
(parece coisa de louco!),
que eu só vou ficar faminto
depois de comer um pouco! 
 
Às portas da meia-idade,
nossa paixão, renovada,
edita a velha saudade,
revista e repaginada. 
 
Nesta aridez que consome,...
no desespero dos sós,...
trilho o deserto sem nome,
que, agora, existe... entre nós! 
 
Sentindo-se ameaçado,
o Demo, de prontidão,
logo que viu meu cunhado,
gritou: “Socorro!” “Invasão!” 
 
Mais do que unir corações,
ou sucumbir aos instintos,
amar, além das paixões,
é atravessar labirintos! 
 
Receio o destino incerto
de perder-me em teus encantos
e tornar-me um livro aberto,
esquecido... pelos cantos. 
 
“– Me paga, ou morre, safado!”
“– Eu morro, então... Tudo bem!
Vamos deixar acertado:
me mata no mês que vem!” 
 
Nas lembranças incessantes
do tempo em que éramos dois,
eu suplico por um antes,
que deixei... para depois! 
 
Em sua breve existência,
não pode a brisa supor
que, trazendo a tua essência,
me traz a essência do Amor...
  
No banheiro do armazém,
um gemido longo... e agudo...
e o marido: “Tudo bem???”
e a mulher responde: “Tuuuu...do!”
  
Ao chegar no beleléu,       
mostra, o bebum, seu espanto:
“- Não tem boteco no céu ?
E as pingas que eu dei pro santo ?!?” 
 
Nos sentimentos que lavra,
o Poeta, em sua lida,
transforma cada palavra
numa semente...de Vida! 
 
Confuso, o dono do empório,
não anda bem da veneta:
na orelha, um supositório,
mas nem sinal da caneta! 
 
Quando a Morte, então, chegou
trazendo o eterno conforto,
o preguiçoso exclamou :
"Passa amanhã, que eu tô morto !" 
 
Se os desertos, na aparência,
são horizontes sem fim,
a extensão da tua ausência
é maior... dentro de mim! 
 
Amigo é aquele artesão
que, sem receios, lapida
com o cinzel do perdão
as pedras brutas... da vida! 
 
Eu suplico, a todo instante,
por tua volta,... é verdade.
Mas, a súplica constante
não é súplica,... é Saudade! 
 
A brisa traz, de antemão,
seu perfume pela rua...
E eu chego a ter a impressão,
de que é você que flutua!
  
A sogra entrega o genrinho
ao faminto canibal:
“Cuida dele com carinho...
mas,... vê se tá bom de sal!”
  
Não vem me chamar de omisso,
porque a culpa não foi minha:
levei o anzol,...o caniço
e só me esqueci... da linha! 
 
Caravela em calmaria,
não me abala a confiança :
eu transformo em ventania
qualquer brisa... de esperança !
  
Em teu adeus, o “cansaço”
foi o motivo do fim...
Dize-me, agora, o que eu faço
deste cansaço... de mim ?!?
  
Menores abandonados
reforçam, mais, minha crença
de que nenhum dos pecados
supera o da indiferença! 
 
Pergunta, o “Demo”, descrente :
“Tanto Calor, não te arrasa ?”
E o pecador diz: “Óxente,
eu tô me sentindo em casa!” 
 
Os teus atos são as fontes
de tudo o quanto suportas:
o Amor abrindo horizontes...
e a  Altivez... fechando as portas! 
 
Remorso é aquele ponteiro
que, num relógio quebrado,
nos aponta, o tempo inteiro,
um instante do passado...
  
Nos mais difíceis momentos,
tuas virtudes revelas :
quando o barco enfrenta os ventos,
mostra a beleza das velas !
  
Ante a pilhagem, reclama
o Marido, ao dar o flagra:
“Além de usar meu pijama,
tomou todo... o meu Viagra !” 
 
No elevador, certo dia,
o barulho foi fatal...
e, por sinal, parecia
bomba de efeito moral!
  
Em minha infância eu fazia
ser, meu sonho, tão real,
que uma fazenda cabia
no fundo de meu quintal!
  
Meu destino não se escreve
à força de um vento forte:
teu olhar é a brisa leve
que determina meu norte!
  
Essa ternura que exalas,
e os meus receios acalma,
faz um vôo, sem escalas,
da tua pele... à minh’alma!
 
 Na rede a freira medita,
mas outra lhe diz, do leito:
“Durma com Deus, Benedita !
“É o jeito, querida, é o jeito...”
 
 Minha sogra foi picada,...
pegou a cobra... e mordeu!
Tentei salvar a coitada,...
mas a cobra... nem gemeu...
 
 Explica, num memorando,
ao chefe: “Pintou um clima:
A Raimunda foi passando...
e eu passei a mão... na rima!”
 
 Cansado dos desatinos,
o mundo roga que Deus
torne a paz dos palestinos
igual à paz dos judeus!
  
Tô faminto... e não tem bóia!
Eu num guento esse jejum!!!
Fome Zero??? Uma pinóia:
Minha fome... é MENOS UM!
 
 Compara, a mulher, na bronca,
o marido, a um pangaré:
faz barulho,... esfrega,... ronca,...
mas,...  nunca fica de pé!
 
 A mesma brisa que, à noite,
sugere encanto e poesia,
pode ser, também, o açoite
dos que não têm moradia.
 
 Em noites de nostalgia,
quando a rimar eu me atrevo,
tua ausência, em parceria,
dita os versos que eu escrevo!
 
 Poeta é aquele que traz
o Sol e Lua em seu peito,
despreza a razão e faz
do desvario... um direito!
  
Alheia ao calor eterno,
a Sogra, por vocação,
tão logo chegou no Inferno,
assumiu... a Direção !
 
 Ao invadir o hospital,
grita, o bebum, seu palpite:
“Tô tonto e passando mal!
Deve ser labirintite!”.
 
 Conta o bebum, com receio
seu pesadelo incomum:
“...eu fazia um galanteio
pr’uma garrafa de rum !”
 
 Parece que a Lua Cheia
cumpre, feliz, o seu rito,
quando, entre estrelas, passeia,
no semblante... do Infinito !
 
 As dores e os desencantos
não me causam dissabores:
que, ao teu lado, não há prantos,
nem desencantos,... nem dores!
 
Diz, o dentista: - Está pronta...
a dentadura escolhida !
E a velhinha, ao ver a conta:
- Nossa, Doutor, que “mordida” !
 
 Numa foto digital,
teu semblante, em luz e cor,
é saudade virtual,
no microcomputador...
 
 Confusão na madrugada,
que o bebum transforma em drama:
atira... na namorada
e leva e a sogra... prá cama!
 
 Na saudade, em que te agarras,
desperdiças tua vida :
soltar, do cais, as amarras,
é o “depois”... da despedida !
 
 Palco, em que a vida se expressa,
meu coração quer a paz...
mas, a saudade é uma peça
que nunca sai de cartaz !
  
Estava, Adão, no abandono
quando Deus, num desmantelo,
aproveitou-se do sono,
para dar-lhe... um pesadelo !
 
Nas páginas principais
do teu livro de memórias
fui rodapé, nada mais,
sempre à margem das histórias.
 
Tua alma desperta em mim
tanta calma e tanto ardor,
que, se o amor não for assim,
eu mudo o nome do amor!