Cláudio Derli Silveira

Meu sonho de piá desperto,
nas cinzas tardes de outono,
era laçar, campo aberto,
os ventos chucros, sem dono!...

Calma, meu amigo, calma,
nem tudo é assolação;
às vezes, faz bem à alma,
um pouco de solidão...

Tomo a cruz do meu destino
que me cabe, por missão,
sem deixar o desatino
sobrepujar-me a razão!...

Porto Alegre me sorri,
vestida de multicores...
Não sou natural daqui,
mas tenho aqui meus amores...

Sopra, ó vento, as nuvens rasas,
pelo verde pampa em flor,
transportando em tuas asas
meus sonhos de trovador.

Eu deixo este amor desfeito
e busco novos caminhos,
levando sonhos no peito
e a esperança dos sozinhos!...

Eis a vida! Eis os caminhos...
Na missão de precursores,
o sábio evita os espinhos
e o tolo... pisa nas flores!...

Na minha visão de crítico,
sem fazer conceito novo,
nasce sempre o mau político
da ignorância do povo!

Bebo uisque, vinho, rum,
bebo até cachaça pura.
Não bebo por ser bebum,
mas por gostar da tontura!

Na "madruga" o patrãozinho
vai ao quarto da empregada,
bate à porta e diz baixinho:
- "É o fantasma camarada..."

Da Tribuna, manda o aviso:
- Não roubo por ser ladrão,
tampouco porque preciso,
mas por coceira na mão!

Do bom caminho, 'seu" padre,             (Vencedora em Porto Alegre - 2005) 
só me desvio um pouquinho,
pois as curvas da comadre
são "trechos" de mau caminho!