XIV Jogos Florais de Bandeirantes/PR - 1997

ÂMBITO NACIONAL = TEMA: "CHÃO"  (líricas/filosóficas)

VENCEDORES  (por ordem alfabética de autores)

EDUARDO A. O. TOLEDO - Pouso Alegre/MG
Adeus, meu chão, vou risonho
pela tarde azul e mansa,
levando a roupa do sonho
na mochila da esperança!

JAIME PINA DA SILVEIRA - São Paulo
Responde, ó Deus, pela mão
que podes ver, calejada:
- Por que há de ter tanto chão
quem nele não planta nada?

MAURO MACEDO COIMBRA - Santa Luzia/MG
Quem dera que em vez de guerra,
que no chão planta a vingança,
só se plantassem na terra
as sementes da esperança!

SÉRGIO BERNARDO - Nova Friburgo
Como esquecer teu sorriso,
tua voz, os teus abraços,
se até mesmo o chão que piso
tem vestígios dos teus passos?!

ZAÉ JÚNIOR - São Paulo
O chão não é de ninguém,
nem do seu "dono", um instante;
do chão, os homens só têm
sete palmos... e é o bastante!

MENÇÕES   HONROSAS  (por ordem alfabética de autores)

ANTONIO ZANETTI - Caçapava/SP
Oh! quanta beleza encerra
o entardecer no sertão;
as nuvens ornando a serra,
as sombras beijando o chão...

MILTON NUNES LOUREIRO - Niterói
Diviso ao longe, altaneiro,
em meu pedaço de chão,
a ternura de um pinheiro
colorindo a solidão...

PEDRO ORNELLAS - São Paulo
"Madeira"! O grito à distância,
e o carvalho vai ao chão...
É a voz forte da ganância
calando a voz da razão!

THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA - São Paulo
Não acho coisas no chão
porque não consigo vê-las.
Sou poeta, eis a razão:
ando à procura de estrelas!

WALDIR NEVES - Rio de Janeiro
Fazendeiros e sem-terra
combatem, de arma na mão,
sem pensar que, ao fim da guerra,
serão pó do mesmo chão...

MENÇÕES   ESPECIAIS  (por ordem alfabética de autores)

DJALDA WINTER SANTOS - Rio de Janeiro
Sem tristezas vou, risonho,
minha estrada palmilhar:
ninguém joga ao chão meu sonho,
nem me impede de sonhar...

ÉLBEA PRISCILA DE SOUSA E SILVA - Caçapava
O beijo da chuva fria
no chão ressequido e ardente,
num milagre, propicia
o germinar da semente...

HELOISA ZANCONATO PINTO - Juiz de Fora
No chão batido... uma esteira;
num fogareiro... a panela,
mas junto da companheira
sinto-me um deus... na favela!

MARIA HERMINDA CARBONE - São Paulo
Se em tanta desilusão
pareces viver ao léu,
esquece um pouco este chão,
levanta os olhos ao céu.

ORLANDO BRITO - São Luís/MA     (duas trovas)
Eu, por você, vivo em guerra,
pois, pelo seu coração,
eu luto mais que um sem-terra
por um pedaço de chão.

Descobri, quanto te amava,
quando vi, no chão da rua,
que a sombra que eu projetava
não era a minha, era a tua...

PEDRO ORNELLAS - São Paulo
Contra a seca persistente,
sofrida mão nordestina,
deita no chão a semente
de um sonho que não germina!

SÉRGIO BERNARDO - Nova Friburgo
Beija, grato, o chão que pisas,
se ele te dá, quando plantas,
o trigo de que precisas
e as flores com que te encantas!
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ÂMBITO NACIONAL = TEMA: "MOITA"  (líricas/filosóficas)

VENCEDORES  (por ordem alfabética de autores)

CLÉBER ROBERTO DE OLIVEIRA - São João de Meriti/RJ
A "charada" eu logo mato,
vendo o mato em rebuliço:
- Ou nessa moita tem gato,
ou um casal "em serviço"!

CAMPOS SALES - São Paulo
No sítio do "coronel"
a turma transa adoidada,
mas, por falta de motel,
já tem moita numerada!

EDMAR JAPIASSÚ MAIA - Rio de Janeiro
No clone a ser concluído,
pede, na moita, baixinho,
num pormenor do marido,
o "pormaior" do vizinho!

HELOISA ZANCONATO PINTO - Juiz de Fora
Consulta a esposa, em surdina,
o pai da donzela afoita:
- Não sei se prendo a menina
ou mando roçar a moita!?...

JOSÉ MARIA SAMPAIO - Peruibe/SP
Duas moitas divisava
ao fugir daquela fera;
de tão bêbado que estava,
se escondeu na que “não era”.

MENÇÕES   HONROSAS  (por ordem alfabética de autores)

JOSÉ TAVARES DE LIMA - Juiz de Fora
Visitou por tantas vezes
a moita com seu amado,
que no fim de nove meses
a moita deu resultado...

NEY DAMASCENO - Rio de Janeiro
Na moita, já aliviado,
olhou pra baixo e enxergou
dentro da calça, "guardado",
tudo quanto aliviou!...

SÉRGIO BERNARDO - Nova Friburgo
Foi tão forte a feijoada,
que lá em casa, no final,
pra tanta gente "apertada",
faltou moita no quintal!

THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA - São Paulo
Pôs anúncios nas estradas:
"Por um módico aluguel,
moitas limpas, bem cuidadas".
E inaugurou seu..."Moitel"!

VERA MARIA DE LIMA BASTOS - Juiz de Fora
A notícia propalou,
da "coisa" tão badalada,
que o Prefeito até mandou
que a moita fosse tombada!

MENÇÕES   ESPECIAIS  (por ordem alfabética de autores)

ADELIR MACHADO - Niterói
Papai, eu não sou culpada,
nem meu namorado, o Bento:
- a moita é mal-assombrada...
geme e sacode sem vento!

EDMAR JAPIASSÚ MAIA - Rio de Janeiro
Com outra índia flagrado,
da moita tentou o escape,
mas foi identificado
pelo porte do tacape!

LAVÍNIO GOMES DE ALMEIDA - Barra do Piraí/RJ
Se alguém chegar lá na roça
para ver onde pernoita,
procura logo uma choça
com quarto, cozinha e moita...

MANOEL EVARISTO CARLOS JÚNIOR - Juiz de Fora
Ao ver a dama gemer,
vaidoso de seus carinhos,
pergunta: - sentes prazer?
- Não! É que a moita é de espinhos!

NÁDIA HUGUENIN - Nova Friburgo
Não tendo vaga no hotel,
sugere a noivinha afoita:
- Benzinho, a lua-de-mel
pode ser atrás da moita!...

RENATA PACCOLA - São Paulo
Quem morreu, atrá da moita,
foi a tal namoradeira,
pois pegou, de tão afoita,
uma cobra verdadeira!
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ÂMBITO ESTADUAL = TEMA: "CALMA"  (líricas/filosóficas)

VENCEDORES  (por ordem alfabética de autores)

AMÁLIA MAX - Ponta Grossa
Mais alegre ou mais dorida,
sempre calma eu raciocino:
da escrita da mão da vida
ninguém apaga o destino!

JANETE DE AZEVEDO GUERRA - Bandeirantes
Finda o dia silencioso,
a calma e o vento em atrito
tocam o mar majestoso,
que desagua no infinito.

MARIA LÚCIA DALOCE CASTANHO - Bandeirantes     (duas trovas)
Com calma, plantai os grãos
e deixai-os florescer,
mesmo sendo, de outras mãos,
a ventura de colher!...

NEIDE ROCHA PORTUGAL - Bandeirantes     duas trovas)
Quando a sós, nos encontramos,
não temos calma, jamais;
é tanto o que desejamos...
- que a noite é curta demais!

Mantenho a calma, na espera
pelo teu amor eterno;
minha vida é primavera
que nem se lembra do inverno!

WANDA ROSSI DE CARVALHO - Bandeirantes     duas trovas)
Em calma ou na tempestade,
o mar é um monstro divino...
imenso como a verdade,
incerto como o destino.

Nas tardes mornas e calmas,
no encanto que Deus me traz,
eu vou pensando nas almas
que jamais tiveram paz.

MENÇÕES   HONROSAS  (por ordem alfabética de autores)

AMÁLIA MAX
Solidão é vento frio,
vento calmo, mas gelado;
deixa o meu peito vazio
e ainda dorme ao meu lado!

CÉLIA MARIA GOTELIPE MARTINS - Bandeirantes
Na calma do teu olhar,
a minha alma envaidecida
passa os dias a sonhar,
com o amor em nossa vida.

DÉSPINA ATHANÁSIO PERUSSO - São Jerônimo da Serra
Morre a tarde, mansa e calma;
nesta hora de magia
tudo é triste e sinto na alma
estranha melancolia...

DIRCE DAVÊNIA GUAYATO - Londrina     (três trovas)
Por que no outono da vida,
a calma estação da espera,
coração, você revida,
com sonhos de primavera?

Quase a naufragar, perdida,
só encontrei do porto a calma,
no dia em que o "Deus da Vida"
singrou o mar de minha alma!

Ao afago dos teus braços
nos meus, sinto a doce e calma
paz do amor, soltar os laços
que aprisionavam minha alma.

ISTELA MARINA GOTELIPE LIMA - Bandeirantes
A calma que de repente
chega, enfim, para ficar,
transforma a vida da gente
numa harmonia sem par!

JANETE DE AZEVEDO GUERRA     (duas trovas)
Calma nenhuma me ofusca,
nem meu coração invade,
pois minha alma sempre busca
o vento da liberdade!

Águas calmas refletindo
o por-do-sol reluzente,
seus raios... fulgor infindo,
faz-me sentir Deus presente!

SÔNIA MARIA DITZEL MARTELO - Ponta Grossa
Buscando na vida, a calma,
por muito caminho andei,
mas foi dentro de minha alma
que a calma, enfim, eu achei!...

WANDA ROSSI DE CARVALHO
Saudade - Planger do sino
em tarde calma, dolente...
Qual acordes do violino
tocando a alma da gente!

MENÇÕES   ESPECIAIS  (por ordem alfabética de autores)

ANITA THOMAZ FOLMANN
Em pedaços hoe tenho
meu coração e minha alma,
por isso na trova venho
buscar minha paz e a calma.

CÉLIA MARIA GOTELIPE MARTINS
Violência... quanta tristeza
e o coração logo sente.
E a calma, com sutileza,
sempre aquece a alma da gente.

DÉSPINA ATHANÁSIO PERUSSO
Quem, com calma, sempre espera
da vida paz e bonança,
e nunca se desespera,
com o tempo, tudo alcança...

ELSON SOUTO - Bandeirantes
Em seu olhar sempre havia,
só pra aumentar a paixão,
a calma que parecia
uma tarde de verão.

FERNANDO VASCONCELOS - Ponta Grossa
Se na aflição se padece,
busque em Deus a solução...
A calma do céu nos desce,
no intercâmbio da oração.

ISTELA MARINA GOTELIPE LIMA
Quem sabe não mais houvesse
tanta maldade e violência,
se todo mundo pusesse
mais calma em suae xistência...

LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI - Bandeirantes
Vitoriosa, a tarde calma
anula a força do vento
e uma frágil flor se espalma,
saboreando esse momento!

LUIZ HENRIQUE B. DE OLIVEIRA PEDROSO - Bandeirantes
A calma tento manter
quando eu olho o meu salário,
mas não me contento ao ver
os aumentos no plenário!

SÔNIA MARIA DITZEL MARTELO
Ao ouvir a canção da alma
quando o silêncio se faz,
sinto invadir-me tal calma,
que encontro, enfim, minha paz!...
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ÂMBITO ESTADUAL = TEMA: "BRIGA"  (líricas/filosóficas)

VENCEDORES  (por ordem alfabética de autores)

AMÁLIA MAX
Sempre a briga do lojista
com Inês tem seu começo
se ela volta do analista
com a roupa pelo avesso!

ISTELA MARINA GOTELIPE LIMA
Bom de briga o canibal...
numa grande apelação,
morde a orelha do rival
e faz dele o "Campeão"!

MARIA LÚCIA DALOCE CASTANHO     (duas trovas)
Foi numa briga acirrada
que se deu mal o grandão:
não foi na orelha... a dentada,
seu oponente era anão!

Com seu orgulho ferido,
resoulta em seus intentos,
numa briga com o marido
só cortou... "seus documentos"!

NEIDE ROCHA PORTUGAL
Lá no asilo começaram
a briga, e, nas "bofetadas",
os velhinhos acordaram
de dentaduras... trocadas!

WANDA ROSSI DE CARVALHO
Que briga feia por ela...
E como saiu pancada!
- Por causa de uma costela,
quanta costela quebrada!

MENÇÕES   HONROSAS  (por ordem alfabética de autores)

AMÁLIA MAX
A briga a espora e bicadas
foi porque frangas obscenas,
querendo ficar peladas,
arrancavam suas penas!

CÉLIA MARIA GOTELIPE MARTINS
Numa briga o menininho
mais valente lá da rua,
repetia bem baixinho:
- a minha não, mas... a sua!

DIRCE DAVÊNIA GUAYATO
Roubaste ao amigo Braga,
sogra e cabra? Sem intriga,
devolve ao Braga essa cabra,
fica a sogra... e acaba a briga!

FERNANDO VASCONCELOS
"Se um não quer, não dá briga",
é lição que nos é dada...
Zé não quis, até fez figa,
mas levou surra danada!

LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
A briga, ali no vizinho,
é de marido e mulher...
Lembro o dito e em meu cantinho,
prendo, na boca, a colher!

MAURÍCIO F. LEONARDO - Ibiporã
No forró de "Mané Vito"
houve uma briga lascada,
porque um tal de Benedito
ficou embaixo da escada!

NEIDE ROCHA PORTUGAL     (duas trovas)
As solteironas morreram
e bem donzelas, eu acho,
porque na briga, correram...
atrás de um micróbio macho!

Na briga, o velho sufoca,
e a velha explica os "gemidos":
- É a tal cera, que provoca
"zueira" nos teus ouvidos!

MENÇÕES   ESPECIAIS  (por ordem alfabética de autores)

CÉLIA MARIA GOTELIPE MARTINS     (duas trovas)
Pra quem gosta de uma briga,
vai aqui meu bom conselho:
- Arrume logo uma intriga,
ficando diante do espelho.

Separa logo essa briga
deste casal esquisito:
- Volumosa rapariga
com anão tão pequetito!

DIRCE DAVÊNIA GUAYATO     (duas trovas)
"Sujaste de ovo a sacada",
disse ao ex-marido, a Aninha;
na briga, não gastas nada,
tens em casa uma "galinha"!

Fui eu quem fez essa intriga,
se duvidas, mostro a prova.
Precisava de uma "briga"
para fazer minha trova!

ELSON SOUTO
Pra acabar com os embaraços,
mesmo de briga banal,
eu te arrasto pelos braços,
lá para o canavial.

FERNANDO VASCONCELOS     (duas trovas)
Mão boba deu briga feia,
com todos na confusão:
pedir calma o Juca veio,
mas, de garrucha na mão!

Se o outro quer, não adianta
um sozinho em paz ficar;
mesmo sem briga, a mão canta;
sem perdão, vai apanhar!

ISTELA MARINA GOTELIPE LIMA     (duas trovas)
Zé Pacato sempre some
para uma briga evitar,
mas não por causa do nome,
tem é medo de apanhar!

Querendo a briga evitar,
chega com flores na mão,
mas mesmo assim, ao chegar,
ganha o "pau-de-macarrão".

JANETE DE AZEVEDO GUERRA     (duas trovas)
Na briga pela manada,
fala ao luso, de antemão:
- Quero dez reais por cada...
- Ah porcada... quero não!...

Briga com o espelho a Maria
e vaidosa se chateia...
- Pintei o rosto, sabia?
- Pintou?... e ficou mais feia!

LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
Por qualquer coisa, ou por nada,
vai provocando uma briga,
mas se diz injustiçada,
e que detesta uma intriga!...

MARIA APARECIDA PIRES     (três trovas)
Comprou briga o valentão
metido em farda amarela...
No primeiro safanão,
foi-se abaixo o sentinela!

Já no grid de largada
foi amarrado um nó górdio,
safou-se da briga armada,
o lanterna, e foi ao pódio!

O caso do tico-tico
acabou em briga, até:
pra cadeia foi o Chico,
pro hospital foi o Mané!

MARIA LÚCIA DALOCE CASTANHO
Minha sogra é jararaca
e ao fingir que é minha amiga,
desafia e mostra a faca:
"Meu genro não é de briga!"
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NOTA = esse material nos foi gentilmente enviado por Istela Marina Gotelipe Lima, presidente da UBT Bandeirantes, em 2013.