Austro Costa

       Austriclínio Ferreira Quirino, mais conhecido pelo pseudônimo Austro-Costa, nasceu em Limoeiro, PE, a 06.05.1899 e faleceu em Recife, a 29.10.1953. Teve morte acidental. O ônibus no qual viajava bateu num poste, e Austro-Costa, viajando em pé, foi lançado fora, sofrendo fratura de base do crânio, com morte imediata.  Publicou seu primeiro poema, O empata, em sua cidade-natal. Na imprensa recifense do início do século XX, onde aportou com 17 anos, atuou como revisor, repórter e cronista,publicando também seus poemas.  Pertenceu à Academia Pernambucana de Letras. Publicou Mulheres e rosas, 1922 e Vida e sonho ,1945.

Muita gente canta e fala
da saudade - e ri, tranqüila;
mas uma coisa é cantá-la
e outra, bem outra, é senti-la.

Não há gênio sem desgraça
nem poeta que não padeça.
- Para que a pérola nasça,
é mister que a ostra adoeça.

Passas comigo, e eis em linha
os coqueiros, perfilados.
Mas, quando passas sozinha,
ficam todos debruçados...

Manhã de outubro. Na praia,
divago. E o olhar se me enleia
ao contemplar a cambraia
que as ondas tecem na areia.

Loira, cessa o teu aceno!
Não me faças tantas rondas,
que o meu amor é moreno,
filho do sol e das ondas...

Nauta fui - mas só naufrágios
tive no mar da Existência.
Hoje vivo de altos ágios,
dos juros da Experiência...

O farol já pisca-pisca
e não vens, que és, por meu mal,
a gaivota mais arisca
de todo este litoral...

Mar e céu - dois infinitos...
E entre eles, pairando, ao léu,
dois albatrozes aflitos:
os teus olhos cor do céu.