Ari Santos de Campos - Leoberto Leal/SC

Ari Santos de Campos é catarinense, filho de João Elizeu de Campos e Andolina Santos de Campos. Nasceu em Vargedo, município de Nova Trento (hoje Leoberto Leal), em 26 de novembro de 1944, onde iniciou e concluiu o ensino primário.
Foi seminarista e é formado em Letras, pela Faculdade de Ciências e Letras de Mafra-SC (hoje UnC) e pós-graduação em Língua Portuguesa, em nível de Especialização, pela UFPR em Curitiba.
É Membro Fundador da Academia Itajaiense de Letras (Cadeira nº 9), Membro Fundador da Academia de Letras de Balneário Comburiu (Cadeira nº 3), Membro Efetivo da União Brasileira de Trovadores, Presidente da União Brasileira de Trovadores/Seção de Santa Catarina, Presidente da União Brasileira de Trovadores/Seção de Itajaí, além de outras entidades culturais de Sana Catarina.
Editou “A Volta de Um Poeta, o Trovador”, também em e-book no Portal CEN  "http://caestamosnos.org/autores", de Portugal, e vários outras participações em diversas Antologias, Coletâneas, Revistas e Jornais.
 
TROVAS DE SUA AUTORIA:
1
Uma tal "Sabedoria”,
para dar aos olhos meus,
fez do sol a luz do dia
com a ciência de Deus.
2
Quem dera poder ficar:
queria nem ter nascido
para não ter de passar
ao mundo desconhecido.
3
Entre mim e Deus existe
uma grande confusão;
pois tudo fica mais triste
sem amor no coração!
4
Com musas vivo a sonhar:
à noite durmo um pedaço,
num caderno ao despertar
uma trova eu sempre faço.
5
Nesse horizonte infinito,
onde o clarão é profundo,
raiam bênçãos - acredito -
para ungir a paz do mundo.
6
No paraíso que dista,
grande fato aconteceu;
Eva o pecado conquista
e com Adão... se perdeu.
7
Justiça não me dá medo
pela palavra que tem.
Dá medo, não é segredo,
é da injustiça de alguém.
8
Meus amigos valem ouro,
nossos laços estreitei...
- Amizade é um tesouro,
sou tão rico quanto um rei.
9
Vamos trocar nossos ais
por calorosos abraços
em cada “Jogos Florais”,
que tanto estreitam os laços!
10
Oh minha vida pequena:
minha alma como corrói !...
- Linda morena, que pena,
quando te vejo me dói...
11
As saudades não têm fim:
a luz do sol se apagou...
- Secou a flor do jardim
e o trem da vida passou.
12
Do que vale o meu canteiro
de bom trigo, de primeira,
se joio dá mais dinheiro
na “cultura” brasileira ?!
13
Neste mundo de conflitos 
o Poder faz e desfaz...
E os povos seguem aflitos                           
com esperanças de paz!
14
Vou partir mais uma vez:
não parei, desde menino,
desta vida sou freguês,
mala e cuia é meu destino.
15
No palco do meu viver,
com a mente distraída,
eu sou ator sem saber
nesse teatro da vida. 
16
Não sei mais o que fazer:
meu salário é um engano...
- Tenho medo de viver
numa tenda de cigano!
17
Os namoros no passado
eram difíceis de achar...
Hoje é clique no teclado
e já tem com quem amar !
18
Sobre o mar sereno e triste,
vou remando à luz da sorte,
porque ponte não existe
na travessia da morte!
19
Com meu tostão derradeiro,
lá se foi minha amizade!...
Hoje eu vivo sem dinheiro
mas num mundo de verdade.
20
À noite vou namorar:
da lua já nem preciso,
só quero o teu lindo olhar
atiçando o meu sorriso.
21
Ao despertar-me na aurora
vejo no céu todo dia;
o teu olhar que namora
na solidão que judia.
22
Minhas trovas eu melhoro,
com detalhes, coisa assim:
troco as rimas e o sonoro,
e vou mexendo até o fim.          
23
Vou remando, de partida,
num mar imenso de paz...
Mas as ruínas da vida
vão nadando, logo atrás!...
24
No sertão, à luz de vela,
vou buscar minha rainha:
- minha vida, vida bela,
para sempre serás minha!
25
Nesta vida, meus amores
são flores do alvorecer.
Mas se murcharem as flores,
de solidão vou morrer.
26
Um cupido me flechou     
bem dentro do coração:
num asno me transformou,
pois como na sua mão!... 
27
A paixão é traiçoeira,              
dizem que pode matar.             
Eu digo que é só coceira
gostosa de se coçar.    
28
Quando me for desta vida
para a eterna dimensão,
vou cumprir pena contida
já de sentença na mão!
29
Em nossa casa de outrora,
quem dera o teu riso ouvir!
- Em vez de risos, agora,
ouço um cão triste ganir!...
30
Vejo uma luz lá no céu,
por certo é o teu paraíso!...
- Minha vida foi-se ao léu;
foi-se também sorriso.
31
Amor é força atrativa,
aparece sem querer:
forma carga negativa
e faz a gente sofrer!...
32
Num favo doce de mel
eu vivo como ninguém,
isso porque sou fiel
ao meu amor, o meu bem.
33
Com braço forte no maço,
sobre a pedra a desbastar,
mais o cinzel e o compasso
minha vida há de mudar. 
34
Com rezas a Santo Antonio,
casei logo, duma vez.
Mas descasou-me, o demônio,
por simples insensatez.
35
Um milagre aconteceu
entre o povo, nessa etapa:
uma pomba apareceu
e pousou na mão do papa !
36
A noiva chega contente,
está possessa e por isso
traz o noivo na corrente
para firmar compromisso.
37
O relógio disparou
no tempo que não se tem.
Hoje o Natal nem passou,
amanhã outro já vem.
38
À noite, longe eu estava
entre o mar e um lindo céu...
Em sonhos eu navegava
num barquinho de papel.
39
Oh vida, como tu és bela !
- Ainda sinto a fragrância
das flores que dei pra ela
nos tempos da minha infância.
40
Na minha casa de outrora,
quem dera o teu riso escutar...
- Em vez de risos, agora,
eu ouço um cão triste me uivar !...
41
Nosso sol há de brilhar
com maior intensidade
quando a vida se curvar
para a paz da humanidade.
42
Por favor, meu bem querer,
manda a saudade ir embora!...
E no fim, do anoitecer,
venha ver quem tanto chora!
43
Tudo aqui passa veloz,
neste Iguaçu, livremente,
menos a imagem da foz
que vai grudada na mente.
44
Vou sem rumo, de partida,
às águas do meu sonhar...
A jangada é a minha vida,
vou cruzar o tempo e o mar.
45
De morrer eu tenho medo,
está chegando o meu fim...
Hoje me rendo ao segredo
guardado dentro de mim.
46
Dava nela, todo dia,
nem sabia porquê dava...
Mas ela sempre sabia
porquê que tanto apanhava.
47
Não se faz mais amizade
como dantes se fazia...
- Hoje até felicidade
anda assim: meio vazia!
48
Um pouco louco eu estava
quando perdi meu amor.
Ao som da gaita eu cantava
para afastar minha dor!...
49
Na bruma, seu mausoléu,
Índia de corpinho nu
se esconde por entre o véu
da foz do Rio Iguaçu.
50
Conviver com dignidade,
ser do bem com alma pura
é o dever da humanidade
esse exemplo de postura.
51
Aquele cara, prudente,
com tantos dotes de amor,
que conta os dedos, frequente,
tem perfil de trovador!
52
A vida sofre ameaças
e que a ciência nos diga!
ozônio, gases, fumaças...
- Humanidade, se liga?!
53
Nesse aparato, tão louco,
eu também tive o que quis.
Hoje me resta tão pouco,
mas mesmo assim sou feliz.
54
Veja lá, “bom” trovador:
chega de tantos deslizes,
e seja lá como for,
tente com novas raízes!
55
A lua, por vez escrava,
se pensasse igual os homens,
às sextas-feiras faltava
em protesto aos lobisomens.  
56
A moça, desde criança,
– humana, porém mulher –
persegue com esperança
a liberdade que quer.
57
A pobre da cachoeira,
dentro da mata era rio,
mas desmataram, inteira,
hoje é apenas um fio.
58
A cachoeira descia           
um precipício sem fim,
tão linda que parecia
olhar e rir para mim!
59
Navegando nas poesias
também vai o trovador
no barco das fantasias
agregando o seu valor.
60
Carro de boi cantador...
Vai assim cantando triste,
faz lembrar do meu amor
que sem ele nada existe.
61
Tem a trova identidade
pela linguagem, talvez
pelos traços, pela idade,
ou é plágio de quem fez. 
62
Na luz eterna da paz
o mundo segue em conflito
e o povo vil, incapaz,
abafa seu próprio grito.
63
Um cantor?! - Eu cochilando.
Pavarotti deve ser!
- Era o meu galo cantando
no palco do amanhecer.
64
Morre a noite: está tão fria!
Deus então, que vai fazer?
- Abre as cortinas dia
para o novo amanhecer.
65
Um vento leve me leva
para o Éden prometido...
Não sou Adão e nem Eva,
sou do destino perdido!
66
A morte chega ofegante,
leva ao céu ou purgatório.
Inferno é um fato chocante
no fogo no crematório. 
67
Não se vá, não, por favor !
Não me faça essa maldade...
Se de fato você for,
eu vou morrer de saudade.
68
Areias soltas no chão,
rolam prá lá e prá cá...
Eu sou apenas um grão
que lá vive, a Deus dará!
69
Na vasta areia da duna
em algum ponto eu estou
buscando minha fortuna
que o mau vento me levou.
70
Nosso amor já foi demais:
tudo em nós era risonho!...
Mas lá ficou, para trás,
e se acabou no meu sonho.
71
Lobisomem não sossega
sem matar a sua fome:
“se correr o bicho pega,
se ficar o bicho come”!...
72
De letra em letra o leitor,
com asas imaginárias,
voa o mundo encantador  
das magias... literárias.
73
Meu demônio faz pirraça:
quer usar meu coração...
Se deixar faz-me de graça,
do seu fogo, uma paixão!
74
Conquistei outra amizade,
alegrou-me o coração...
- Agora a cara-metade
quer fazer separação!
75
Nosso sol há de brilhar
com maior intensidade
quando a vida se curvar
para a paz da humanidade.
76
Bons tempos, a faculdade:
quanta paixão eu curtia !
Foi-se o tempo, a mocidade,
foi-se a luz que me acendia.
77
Eu não consigo entender
– do futebol – a torcida,
que nada ganha a não ser,
estresse em cada partida.
78
Já perdi a compreensão:
vejam só, quanta maldade!...
- Me curei do coração
e vou morrer de saudade!
79
Longos anos eu sofri,
por tudo que sucedeu...
Hoje a lição aprendi,
meu amor próprio cresceu.
80
Raízes, por toda terra, 
formam formas desiguais...
Assim, na paz ou na guerra,
se formam os ideais.
81
Minha vida está tão linda,      
vivo assim: que nem bebê.         
Felicidade não finda
quando fico com você!...
82
Num deslize a honradez      
lá se foi..., numa soltura:
- depois da primeira vez,
nenhuma cerca é segura. 
83 
Um cupido me flechou     
bem dentro do coração:
num asno me transformou,
pois como na sua mão!... 
84
Nos picos da serrania
têm cabanas e cascata
e a lua cheia, vadia,
namora as flores da mata!
85
Esse meu mar é um flagelo,
mas alegra os corações...
Revolto fica mais belo
nas praias e nos costões.
86
Sem querer o nosso amor
disparou na contramão;
mas seja lá como for,
da vida, não abro mão!...
87
Vejo uma luz lá no céu,
por certo é o teu paraíso!...
- Minha vida foi-se ao léu;
foi-se também sorriso.
88
Aquelas ondas serenas
largadas de um mar azul
vão banhar belas morenas
nas praias “quentes” do sul.
89
Tudo aqui passa veloz,
neste Iguaçu, livremente,
menos a imagem da foz
que vai grudada na mente.
90
Já chega de namorar,
não quero riscos correr,
pois se você me deixar
eu vou sofrer e morrer...
91
Ao meu futuro atrevido,
tenho muitas esperanças!...
Mas, do passado vivido,
só restam tristes lembranças.
92
Fiz juras de amor eterno,
sem muito te conhecer:
hoje eu curto o meu inferno,
queimando, por merecer.
93
Eu amo tanto esta flor,
mas acho muito assanhada...
- Não vive sem o calor
do frevo da madrugada!...
94
A primavera floresce,
abre às cortinas do dia
e o trem do amor aparece
trazendo mais alegria!
95
Nascem vidas, crescem flores
num ornamento que esmera
os campos com vivas cores
por conta da primavera. 
96
Esse mar, tão espelhado,
com reflexos de magia,
traz do céu triste e dourado
encantos e nostalgia!
97
Uma beleza inconteste
como pintura a pincel,
num azul, vivo, celeste,
voam as aves no céu.
98
Foi numa noite febril,
por vezes meio enlutada
que minha musa surgiu
com minha trova encantada.
99
Uma estrelinha, hoje cedo,
semelhante a um carrossel,
trouxe uma trova “segredo”
de onde se encontra Miguel...
100
A luz da vida é profunda
e toda desconhecida:
pois cada mãe que fecunda
traz outra luz para a vida!
101
Numa cidade agitada,
movida pelo progresso,
tem gente pobre e pirada
que faz do nada um sucesso!
102
As Cataratas do Rio
Iguaçu bravo, de cá,
Deus só fez com tanto brio
para dar ao Paraná!
103
Quero crescer no civismo
procurar mais liberdade
sem aquele fanatismo:
- o risco da humanidade.
104
Pobre cão abandonado,
sem afeto não queria
este mundo desalmado,
ante a morte que morria.
105
Com trapaça o trovador
leva o prêmio sem direito,
ganha fama, sem valor,
vira escárnio o seu respeito.
106
Disse Deus, aqui na terra,
numa trova universal...
Sou a Paz que vence a guerra
Sou a Luz do seu Natal !
107
Mantenho a casa fechada,
tenho medo de ladrão.
Já prefiro não ter nada
e ter paz no coração. 
108
Vivo perdido e sozinho;
- o mundo não descobri!
Ao longo do meu caminho,
em qual curva me perdi? 
109
Do meu futuro atrevido

tenho muitas esperanças.
Mas, do passado vivido 
só tenho tristes lembranças. 
110
Esta Rosa brasileira
ao Chile vai, por amor,
levando a terna bandeira
no peito do trovador.
111
Oh lua-cheia, divina,
 
diga-me já, por favor! 
Nesta noite cristalina