Analice Feitoza de Lima - Bom Conselho/PE

BIOGRAFIA DE ANALICE FEITOZA DE LIMA
(1938 - 2012)
 http://www.youtube.com/watch?v=5MYxFlqS8e8

ANALICE FEITOZA DE LIMA nasceu na Fazenda Cruz de São Miguel, município
de Bom Conselho, estado de Pernambuco, no dia 18 de setembro de 1938. Filha de Pedro Feitoza de Lima e Joanira Feitoza de Lima. Era escrituraria aposentada. Fez Curso Prático de Comércio, Metodologia Intelectual, entre outros. Acordeonista, estudou e diplomou-se em Acordeon pelo Conservatório Musical Mangione, de São Paulo. Formou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santana, hoje Unisantana. Associada da Casa do Poeta Lampião de Gás, cuja diretoria integrou como Secretária e Vice-Presidente. Pertenceu à União Brasileira de Escritores (UBE-SP), à União Brasileira de Trovadores – Seção de São Paulo (UBT), ao Clube da Simpatia (Olhão – Portugal), à Casa de Francisca Júlia (Eldorado, SP), ao Movimento Poético em São Paulo e outras entidades. Fez parte de várias coletâneas. Sonetista, trovadora e haicaísta, Analice obteve muitos prêmios em concursos de poesia, trova e haicai. Faleceu em 13 de janeiro de 2012, em São Paulo. 

LÍRICAS E FILOSÓFICAS

Muita coisa se insinua
sobre a pauta colorida,
da mensagem que flutua
nas entrelinhas da vida... 

Com magia os meus segredos,
numa tela cor de neve,
são escritos por teus dedos
quando me tocas de leve... 
 
Se por vingança a maldade
me obriga a pensar em ti,
a magia da saudade
traz de volta o que perdi...
 
Antigos versos guardados
sobre página florida
são sonhos quase apagados
na velha estrada da vida...
 
No aconchego dos teus braços,            (premiada em Belém/PA - 1989)
quando tudo me faz bem,
arranco dos teus abraços
o nada que a vida tem...
 
Tua carta inesperada
tantas lembranças me trouxe
que eu vivi de um quase nada
um quase tudo tão doce!...
 
Em nossos dias risonhos
fui princesa por um dia,
mas pintei noites de sonhos
no lençol da fantasia...
 
Por brigas e desafios
do meu “marujo” turrão,
é que eu vivo “a ver navios”
no porto da solidão...
 
Só por gestos de amizade,
é que a mão boa estendida
espalha fraternidade
pelos caminhos da vida...
 
Por ser da lista o primeiro
jamais entendi porque
conquistei o mundo inteiro
mas não conquistei você...
 
Águas de outono choradas
dos meus olhos, a granel,
são esperanças passadas
jorrando em ondas de fel.
 
Ganharam posteridade
numa página esquecida,
os pinheiros da saudade
no cartão postal da vida.
 
Ao ver-te meu corpo inteiro
desabrocha como flor,
porque és cravo de um canteiro
do meu canteiro de amor...
 
Na moldura permanente
de um retrato desbotado,
eu tenho, constantemente,
tua presença ao meu lado.
 
Nos delírios da saudade
tua ausência causa dor,
e um minuto é eternidade
no meu dilúvio de amor.
 
Mesmo em dúvida, que importa
meu amor ser de outro ou teu,
quando cruzas esta porta
te entrego tudo o que é meu.
 
Somei doçuras às tuas,
foi tanto amor a granel,
que pude ver muitas luas
na minha lua-de-mel...
 
Às vezes tenho saudade
desses lampiões da rua,
que ofuscavam sem maldade
a claridade da lua.
 
Amor, não tente intervir,
viva o agora de nós dois,
pois quem ama há de convir
que o porvir só vem depois.
 
No vazio do meu ser,
neste oásis de lembrança,
vou remediando o viver
com retalhos de esperança.
 
Um dia tu serás meu,
nem que o destino distorça
o meu caminho do teu,
porque “a união faz a força”.
 
Na partida, quando fores,
alenta a minha esperança.
- Guarda, amor, nossos amores
na bagagem da lembrança.
 
Ante a luz que já clareia 
a fartura que há vir,
pecado é ter a mão cheia
e não saber dividir.
 
Eu já sei que não adianta
tua força de expressão,
pois meu pecado suplanta
a força do teu perdão.
 
Foi a mais bela poesia
que a lua na areia leu.
O poema à Virgem Maria
que o Padre Anchieta escreveu.
 
Amar tanto desse jeito?
Coração, que insensatez!
Por favor, sai do meu peito
ou me mata de uma vez!!!
 
Quem vive ofensas perdoando
e por amor tudo faz,
vai sempre em punho levando
uma bandeira de paz!
 
Virei palhaço de novo,
armei um circo na praça,
chamei artistas do povo
e fiz teatro de graça.
 
Os teus mistérios e os meus,
por incrível que pareça,
sem a intervenção de Deus
tornam-se quebra-cabeça.
 
Duvidar ninguém se atreve
que, além de muito importante,
a vida fica mais leve
quando o sorriso é constante.
 
Para ver-te eu perco o sono,
mas me entristeço depois
por notar tanto abandono
no abandono de nós dois.
 
Longe dele a voz embargo
e, abraçando a solidão,
eu tomo meu mate amargo
na cuia do coração.
 
Mesmo com muita aspereza,
por mais que eu tente negar,
teu amor é luz acesa
no infinito do meu lar.
 
Cai por terra qualquer festa
e minha alma triste chora,
quando vejo uma floresta
pela queimada indo embora...
 
A juventude é somente
um cartão de meia idade,
que abriga dentro da gente
as lembranças da saudade.
 
A folha que eu vi caída,
pelo vento carregada
é uma fagulha de vida
a caminhar para o nada.
 
Aquele teu beijo ardente
que um dia me foi roubado,
ainda trago bem quente
no céu da boca guardado.
 
Quando amante da saudade
e sem poder te rever,
tinha o sonho em liberdade,
mas na prisão meu viver.
 
Eu sinto os dias tristonhos
por falta do teu perdão,
mas traço estradas de sonhos
nas curvas do coração.
 
No entardecer da esperança,
quando chega a desventura,
pensa em ti quando criança,
terás de volta a ternura...
 
Quando a ternura me invade,
envolvida de sabor,
se multiplica a saudade
no eterno instante de amor...
 
Bom timoneiro não teme,
nem do perigo se esquiva,
porque Deus segura o leme
se o barco fica à deriva.
 
Nossa briga passageira
foi gota d’água, eu lamento,
mas martelo a vida inteira
a insensatez de um momento.
 
Para o meu amor ardente
é que eu me faço em pedaços
e me transformo em corrente
na corrente de teus braços.
 
Distante da mocidade,
a ruminar esperança,
o velho cose a saudade
com retalhos de lembrança...
 
Tanto esperaste de mim
uma resposta adiada,
que a carta em que eu disse sim
foi entregue em porta errada.
 
Pulo mais do que ioiô,
no carnaval sou assim:
Por dentro sou pierrô,
por fora sou arlequim...
 
Rasgo o véu da desventura
e em volta tudo se acalma,
quando um gesto de ternura
abre as portas de minha alma.
 
Em ternura se debulha
ao dar ao filho amor puro,
porque a criança é fagulha

que acende a luz do futuro.

Os tropeços sempre passam,
e ao longo da caminhada,
não há dramas que me façam
parar no meio da estrada.

Nada mais eu desejava
quando eras minha metade.
Melhor ser a tua escrava
do que escrava da saudade.

No instante em que perde a calma
qualquer pessoa é capaz
de restaurar a sua alma
buscando a força da paz.

Meu coração é discreto,
quisera que assim não fosse,
porque amor, carinho e afeto
é que a vida tornam doce...

Nem toda estrada é um perigo,
mas algumas dão revolta.
A estrada da droga, amigo,
essa vai, mas não tem volta...

Quis te arrancar da lembrança,
da memória te apagar.
Mas teu perfil não se cansa
de na saudade voltar...

Depois que ficaste ausente
a lembrança, por maldade,
pôs teu perfil permanente
no meu painel de saudade...

Percebi somente agora,
após corrida sem fim,
que a paz que eu busquei lá fora
estava dentro de mim.

Partiste, mas por maldade,
para aumentar meu castigo,
fico abraçando a saudade
na ilusão de estar contigo!...

Dinheiro não tenho tanto
para os seus luxos “bancar”.
Mas o pão nosso, garanto,
Deus não vai deixar faltar!

Quando a sós no meu cantinho
a curtir meus sonhos vãos,
eu estreito com carinho
o teu retrato entre as mãos...

De repente, por magia,
tua lembrança me invade,
qual viva fotografia
no cenário da saudade...

Para reacender a chama
do ferido coração,
há nos gestos de quem ama
a ternura do perdão...

De ti não me desenlaço
porque em mim tu deste um nó,
desde o entrelaço do abraço
que fez de nós dois um só...

Ao te rever, sem notícias,
eu estreito os meus abraços,
derramando-me em carícias
na ternura dos teus braços....

Disfarçando o desengano
e ao curtir meus sonhos vãos,
eu sou boneca de pano
na concha das tuas mãos...

Para ficar aliviado
e renovar a esperança,
o templo é o lugar sagrado
onde a consciência descansa.

É na estreiteza do abraço
de quem namora e quer bem,
que o namorado é o pedaço
de vida que a gente tem...

Na capela onde casaste
contrariando o meu desgosto,
quando a noiva tu beijaste
fui eu quem sentiu o gosto...

Curto a sós minha tristeza.
E apesar de não te ver,
tua foto sobre a mesa
não me deixa te esquecer...

Moro aqui, moro acolá.
Eu moro em quaisquer desvãos,
porque o meu destino está
nas rédeas das tuas mãos...

Tentando fugir dos medos
de perder os teus desvelos,
fiz o ninho dos meus dedos
nos anéis dos teus cabelos...

No vaivém da vida a gente
muitos percalços aguenta,
porque a fé, seguramente,
é a força que nos sustenta.

Ao recompor a esperança
que outrora encontrei perdida,
teço fios de lembrança
pelos caminhos da vida.

Ao me esquivar da tormenta
de uma esperança perdida,
sou jangadeiro que enfrenta
o mar imenso da vida.

Esmago a rosa por ciúme,
mas tua rosa esmagada
exala tanto perfume
que eu não te esqueço por nada!

Cada árvore cortada
por um coração de pedra
é vida sacrificada
que por maldade não medra.

Bem da cruz das caravelas,
rosas se abrem para o mar.
- Portugal das rosas belas
jamais irei te deixar.

Aquela rosa que um dia
tu me deste com carinho
ainda traz muita alegria
perfumando o meu caminho.

A devastação das matas
maltrata nosso pulmão.
Homem mau, por que devastas
as riquezas do sertão?

É mais que fundamental
pedir ao Papai Noel
que os sonhos deste Natal
não fiquem só no papel.

Ao dar o sorriso dela
com tanto enlevo e paixão,
a mulher é flor singela
que tem alma e coração.

Eu te abraço, mãe querida,
com carinho e muito amor,
porque no jardim da vida
és a preferida flor.

No dia dos namorados
com esperança aquecida,
voltemos de braços dados,
felizes, pela avenida...

O mais bonito buquê
preparei com mil cuidados
para ofertá-lo a você
no dia dos namorados.

De amores embevecida,
a mãe, com todo o seu brilho,
põe de lado a própria vida
para viver a do filho.

Todos os dias do mês
mereces os meus cuidados.
E mais um pouco talvez
no dia dos namorados.

Não só no vinte de julho,
que se diz dia do amigo,
mas sempre, com muito orgulho,
tua amizade eu bendigo.

matéria enviada por Pedro Mello, "Magnífico Trovador" em Nova Friburgo.