Almeida Corrêa

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              JOSÉ DE ALMEIDA CORRÊA   nasceu em Viçosa/MG a 21 de maio de 1910, filho de José Joaquim Corrêa e D. Cacilda de Almeida Corrêa. Médico, era sobrinho do padre Corrêa de Almeida, que também foi renomado poeta.  Entre outros, publicou "Sinceridade" (poemas - 1949) e "Simplicidade" (trovas e sonetos - 1952). Tem algumas trovas de humor que são antológicas. Residia no RJ.

No mundo nada terás,
se não socorres alguém.
Ajuda, espera, e verás
como é bom fazer o bem!

Ponte pênsil do passado
sobre o rio da ilusão,               ("saudade")
onde se vê desolado,
soluçando, um coração...

Amizade verdadeira
neste mundo sempre incerto,
é rara como a palmeira
que se encontra no deserto...

Muita gente que aparenta
ter um viver de bonança,
esconde na alma a tormenta
de um amor sem esperança...

Não invejo o passarinho,
livre e alegre na amplidão.
Vivo preso ao teu carinho,
e sou feliz na prisão...

Mulher que atinge os quarenta,
pode ser bonita ou boa,
a mim, porém, já não tenta:
-além de “cara”, é “coroa”...

Tu que gostas de brotinhos
e não queres ter trabalho,
modera bem teus carinhos,
pois todo broto dá galho...

Mulher que fala comigo,
pondo quebranto no olhar,
demonstra logo o perigo
que a gente tem que enfrentar.

Vendo as curvas da Maria,
digo aflito, ante a paisagem:
- Dai-me, Senhor, energia,
e alterai minha ciclagem!

 

Hei de viver sem encrencas,
de maneira pitoresca:
- Sou da ordem das avencas,
quero sombra e água fresca...

Irá longe este menino!
- diziam-me com ternura.
Porém, levou-me o destino
somente até Cascadura...

Trava na alma intensa luta
o mocinho apaixonado:
por uma garota enxuta
é que ele vive encharcado...

As cadeiras de Maria,
que me fazem suspirar,
eu espero ver um dia
entre os móveis do meu lar...

Em sepultura modesta
repousa quem foi meu bem;
isso é motivo de festa:
ela descansa... e eu também...